quarta-feira, 3 de setembro de 2008

O sino da igreja


























Sair à rua sempre é uma aventura para mim, meus olhos vêem coisas que passam desapercebidas à maioria das pessoas.
Vejo pessoas tristes, mal humoradas, sem esperança e sinto-me tão sozinha!
Um homem de terno cinza esbarrou em mim e fez com que minhas partituras se espalhassem pelo chão. Nossos olhos se encontraram e ele ajudou-me a recolhê-las, pediu desculpas, sorriu e saiu apressado com sua pasta preta.
Fiquei olhando para ele até que desaparecesse de minha vista, e de repente alguém veio em minha lembrança.
Senti uma tristeza repentina e como sempre, meus olhos começaram a transbordar em lágrimas.
Não me importo mais que as pessoas me vejam chorando, aliás nem sei se vêem, estão sempre tão apressadas.
Sentei-me num banco ao lado da igreja, um ventinho de inverno despenteou meus cabelos, minhas mãos estão geladas, mas estou usando o anel que ele me deu.
Estou saindo de sua vida, e ele nem sabe. Talvez descubra quando eu já tiver partido!
Às vezes temos que sair da vida das pessoas , porque não suportamos não tê-las de fato!
O sino da igreja soou forte, acordando-me de meus pensamentos, é hora do almoço.
Um bem-te-vi cantou lá longe, uma criança de uniforme de escola deixou os cadernos cairem no chão, olho tudo sem entender que mundo é este em que alguém deixa um amor partir.
O sino parou de tocar, levanto-me e olho para o céu, na esperança de ver alguma estrela, ou algum sinal de que ele pensa em mim.
By Nana Pereira

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