Quando eu era menina, tive uma professora que chamamava-me de "índia loira", por ter cabelos longos, claros e muito lisos.
Tenho o tipo de cabelos que hoje em dia toda mulher quer ter: lisos sem precisar de prancha.
Mas, para desespero de minhas filhas e meu também, sempre gostei de mudá-los.
Não é premeditado, mas quando menos se espera já estou fazendo a besteira.
Muitas vezes entrei no banheiro acompanhada de uma tesoura e saí praticamente sem franja. (É o que minhas filhas chamam de "corte Juruna")
Acho que o problema é falta de juízo, pois se alguém disser que quer que eu sirva de cobaia para alguma transformação capilar, lá estou eu pronta para ser imolada.
Certa vez, quiseram transformar-me em "loira Marylin Monroe"!
Pensam que fugi da experiência?
Claro que não!
A tinta foi insuficiente para cobrir toda a cabeleira e tive que esperar a compra de um novo tubo de tinta.
Fiquei maravilhosamente Marylin bicolor!
Tenho recordações que deixariam qualquer mulher normal em depressão para o resto da vida!
Certa vez, cansada de ter cabelos lisos, resolvi deixá-los encaracolados.
Parti rumo ao salão com o firme propósito de deixar de ter cabelos "lambidos"!
No salão, expliquei o que queria e o cableireiro mais do que depressa partiu para uma permanente.
Enrolou meus cabelos com rolinhos bem pequenos, passou um líquido mal cheiroso e fiquei toda animada para ver o resultado.
Quando os rolinhos foram tirados e os cabelos foram lavados, qual não foi meu espanto quando me vi com os cabelos colados à cabeça.
Meus olhos encheram-se de lágrimas, tive vontade de gritar, mas paguei e fui para a casa, na esperança de que ninguém olhasse para mim.
O pior de tudo, foi quando as crianças abriram a porta e viram uma mãe que não era a delas.
Ficaram horrorizadas e nem tentaram mentir dizendo que tinha ficado bacana.
Foi então que tive um ataque de nervos e comecei a chorar.
Tentaram me acalmar, trouxeram água com açúcar, mas era impossível parar de chorar.
Foi então que tive a brilhante idéia de pedir para elas irem à farmácia comprar algum produto que alisasse meus cabelos novamente.
Era noite,mesmo assim lá foram as duas à caça de um produto que me devolvesse a alegria de viver.
Entraram na farmácia e pediram à vendedora um produto para alisar cabelos. A mulher imediatamente, olhou para elas e perguntou para quem era o produto.
Elas responderam que era para sua mãe.
A vendedora olhou para elas e verbalizou: Nossa! nem parece que a mãe de vocês duas é negra. , Hoje em dia é normal homens brancos casarem com negras e terem filhos de cor clara e cabelos lisos.
As duas sairam da farmácia com um tubo de Henné!
Pensaram no que a mulher havia dito e só então perceberam que o tal creme era para cabelos afros.
Como se o produto fosse uma bomba prestes a explodir, jogaram no primeiro canteiro de flores que encontraram pela frente.
Dirigiram-se então à outra farmácia e aí explicaram o que havia acontecido para a balconista.
Ela ficou penalizada e disse que elas fizeram muito bem e jogá-lo fora, pois eu ia ficar careca se usasse o tal henné.
Desta vez compraram um creme super, mega, ultra hidratante.
Mais aliviadas, levaram o dito cujo para casa.
Fiquei horas com o tal creme nos cabelos, mas nada descolava os cachinhos do couro cabeludo.
Passei dias fazendo banho de creme.
Não me recordo por quanto tempo fiquei com vontade de bater no cabeleireiro, mas os cabelos cresceram e voltei a ter cabelos lisos e lambidos novamente.
Depois disso, desisti de ter cabelos encaracolados.
Mas as experiências com a cor e o tamanho continuam,e vão de vento em popa!
Nana Pereira
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