quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Cada macaco no seu galho




Estávamos de mudança de São Bernardo do Campo para são Paulo e fui com as meninas fazer uma visita de  despedia a uma amiga.
Ela tinha três filhos lindos, duas meninas e um menino.
Eram realmente lindos!
Chegamos por volta das 15h e ficamos conversando na sala enquanto as crianças brincavam.
Lá pelas 16:30h minha amiga nos levou para a cozinha para servir um lanche para a criançada!
Ela abriu o armário , pegou uma lata de farinha láctea e  um pote de plático onde havia açúcar e os colocou sobre a mesa.
Retirou a tampa  da lata e   a tampa do pote de açúcar, pegou 5 bananas na fruteira, descascou-as e deu uma para cada criança.
Qual não foi o meu espanto quando percebi que não haviam pratos nem talheres  sobre a mesa!
O ritual era o seguinte: Pá, Pá, Pum!
Minha filhas ficaram apenas observando com os olhos bem arregalados as crianças enfiarem as bananas , primeiro no pote de açúcar ( Pá ) , em seguida na lata da farinha láctea ( Pá ) e depois na boca ( Pum ).
Pedi educadamente que ela me desse dois pratinhos , um garfo e duas colheres, amassei as bananas e coloquei por cima um pouco de açúcar e depois a farinha. Dei um pratinho na mão de cada uma e então elas comeram o lanche.

Pois é! Cada um é que sabe a delícia de preparar o lanche dos filhos!

Nana Pereira

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Minha árvore de Natal





Todos os anos,no início do mês de novembro, marcamos um sábado para armar nossa árvore de Natal. 
 Aqui em casa armar a árvore de natal é todo um ritual, é dia de festa! Um convite é enviado a todos os amigos mais queridos no final de outubro, guloseimas são preparadas, novos enfeites são comprados, a casa fica pronta para o grande dia!
 A maioria das pessoas arma sua árvore no dia 6 de dezembro, mas , fugindo à tradição, gosto de armá-la bem no início de novembro. Gosto de enfeitá-la de acordo com meu momento, minha criatividade, portanto, todo ano temos uma nova decoração na árvore. 
Já fizemos uma árvore só com pássaros, só de sinos, só com estrelas, de flores, com bolas que tinham os nomes de nossos amigos escritos com purpurina, só com frutas vermelhas e com instrumentos musicais. 
A Árvore expressa simplesmente a alegria da festa que está chegando. Este ano, resolvi fazer uma decoração nipônica! 
Normalmente, começo a comprar enfeites a partir de julho. Fiz muitas visitas à Liberdade em busca de enfeites japoneses, lanternas, daruma, bonequinhas, maneki-nekos e não pode faltar a estrela dourada no topo da árvore. Entre conversas, carinhos, risos, enfeitamos a árvore, colocamos guirlandas em todas as portas da casa e na entrada , uma casinha de passarinho cheia de pássaros brancos, simbolizando a paz que queremos para nossas vidas. Nada me faz tão feliz como armar minha árvore e esperar pela noite de Natal. 

Nana Pereira

O dia em que pintei Papai Noel





Ainda lembro como se fosse hoje! Comprei um Papai Noel de gesso de uns 50cm a pedido de minha filha Aninha! Ele parecia um fantasma, sem rosto e sem roupas. As crianças, uma com 8 anos e a outra com 3 anos estavam ansiosíssimas para verem a transformação. Tão logo terminamos de almoçar, limpamos a mesa da cozinha , forramos com jornal, pegamos as tintas e os pincéis . Ainda consigo ver os olhos delas brilhando e o sorriso no rostinho de cada uma. Comecei pelas roupas vermelhas, depois foi a vez das botas pretas,o cinto, até que cheguei no rosto do bom velhinho. A cada pincelada meu coração transbordava de amor e de agradecimento a Deus por mais um momento de alegria ao lado de minhas duas filhas. Elas não desgrudaram de mim nenhum segundo e de vez em quando faziam algum comentário do tipo "Mamãe é tão legal"! Quando terminei, a alegria estava estampada no rosto de cada uma de nós, e entre beijos e abraços comemoramos nosso primeiro Papai Noel! É muito difícil descrever o tipo de emoção que sentimos naquele dia. Para nós foi um grande acontecimento, um momento mágico, indescritível. São momentos inesquecíveis, que dinheiro algum pode comprar ou proporcionar! Para as outras coisas, existem os cartões de crédito.

Nana Pereira

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

A melhor hora do dia




Ana Carolina tinha três anos e resolvi colocá-la na escola.
Comprei o uniforme , mochila, cadernos, lápis , borracha e a lancheira, é claro!
Era uma esolinha pequena de nome "Mundo Colorido", o prédio era pintado de azul e ficava a uns quatro quarteirões de nossa casa.
Qual não foi a minha surpresa quando no primeiro dia de aula, ela pediu para ir no colo e enganchou-se na minha cintura.
Não houve meios de desgarrá-la de mim , ela agarrou-se aos meus cabelos e chorava sem parar e sentindo-me vencida acabei levando-a de volta para casa.
A história se repetiu por vários dias , foi então que tive a ideia de inventar a "melhor hora do dia"!
Conversei seriamente com ela e expliquei que ela precisava ir para a escola para brincar, aprender coisas legais, comer os lanches deliciosos que eu faria e além disso, o que era o melhor de tudo , teríamos a melhor hora do dia.
Então, muito curiosa ela perguntou :
- Mas qual é a melhor hora do dia?
Então,  abracei seu corpinho , beijei seus cabelos cheios de cachinhos e respondi:
- A melhor hora do dia é a hora de buscá-la na escola , porque estarei cheia de saudade.

Foi assim que a convenci de ir todos os dias para a escola.

Nana Pereira

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Ler para crer



Lançamento do livro "Ler para crer" ontem ( 6/11/2012).

Participei com a história: "Seu Elias, às suas ordens"

domingo, 23 de setembro de 2012

Encantos e doçuras!



Hoje é domingo e domingo é dia de arrumar gavetas, olhar fotos, ler bilhetinhos que vão ficando pelos móveis e guardá-los dentro de um baú.
Tenho um baú que me foi dado pela minha querida vovó Hilda, e nele guardo todos os bilhetinhos, cartas e cartões e algumas fotos das pessoas mais queridas da minha vida.
A esse baú dei o nome de "Encantos e doçuras"!
Hoje reli bilhetinhos de minhas filhas e como tenho um problema sério de "vazamento" nos olhos, me emocionei e chorei . Senti saudade do tempo em que eram pequenas e vivíamos juntas na mesma casa.

Que coisa mais maravilhosa ter motivos para sentir saudade!
Porque só sentimos saudade do que foi bom, do que nos fez feliz.

Nana Pereira

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Esses cães, pobres cães!



Antigamente os cães corriam alegres pelo quintal,tinham nomes singelos como Teco, Cacareco, Bolinha , Tica  e saiam às ruas quando recebíamos uma visita e  esquecíamos o portão aberto.
Hoje, eles vivem em apartamentos desproporcionais aos  seus tamanhos, tem nomes de artistas famosos, personagens de novelas da globo ou até daquela vizinha ou vizinho de quem não gostamos.
Saem para passear com suas roupinhas bizarras, alguns usam até óculos de sol e todos saem de casa para fazer suas necessidades nas ruas.
Tive vários cãezinhos na  infância, e era uma alegria ser recebida por eles quando voltava da escola , faziam festa e ficavam agradecidos quando ganhavam um osso suculento.
Agora as coisas mudaram, os cães são praticamente humanos, tem alergias e doenças como nós humanos, fazem ultrasom, são estressados, tomam florais de Bach e se bobear tocam até violino.
Alguns tem lugar cativo no sofá da sala , assistem novelas e se o dono vacilar ,tem até a posse do controle remoto da TV.
Parece que as pessoas tem cães para diminuir sua solidão e descontarr suas carências.
Pobres cães!
Vocês vão pensar  : essa aí não gosta de animais, muito menos de cachorros. Não é verdade, tenho uma cadelinha pinscher que atende pelo nome de Baby Xuxuzinho (Beibuca para os íntimos) e ela me recebe todos os dias toda alegre e saltitante quando chego em casa, senta em cima do meu pé quando estou escrevendo no computador ( neste momento ela está bem em cima do meu pé esquerdo) , mas é apenas um cãozinho , faz suas necessidades no jornal que fica na área de serviço e quando sai à rua é apenas para passear.

Sinto tanta saudade do tempo em que cães eram apenas cães!



Nana Pereira

sábado, 3 de março de 2012

Terror na orquestra






















Sábado, 9:30h, o ensaio da orquestra começa.

Afinam-se os metais, as madeiras e as cordas separadamente.
Em seguida, um lá geral e estamos prontos para começar o ensaio.
Hoje, a primeira peça a ser estudada será a Aleluia de Haendel.

Visualizem a cena:

De um lado a orquestra , do outro o coral, e no meio o maestro com sua batuta.
Algumas pessoas ainda estão com a cara amarrotada da cama, outras bocejam discretamente e hoje particularmente , estou meio sonolenta por causa da comemoração do meu aniversário que foi ontem à noite.

Antes de começar, sempre desligo o celular, mas estou com um celular novo que está me deixando maluca, ele está me vencendo de lavada e não descobri ainda como se desliga o caboclo.

O ensaio decorre normalmente, ora só tocam as madeiras, ora os metais, ora só as cordas e por aí vai.
Logo o maestro diz : Tutti ( significa literalmente todos) , Da capo (Da capo é um termo musical da língua italiana que significa do início) .
Começamos então a Aleluia. No meio da peça o celular que está no bolso da minha calça jeans começa a vibrar e a tocar, pasmem , La vie en rose.
O terror toma conta de todo o meu ser ( acho horrível essa gente que não desliga o celular em cinema, teatros e concertos), por sorte o som da orquestra encobriu o som da música , mas fiquei suando frio.
Assim que terminamos a peça inteira e o maestro faz algumas correções com o pessoal do sopro, enquanto isso tiro o celular do bolso e recomeço na tentativa de desligá-lo. Sem êxito.
Meu colega Sukita, sentado ao meu lado vendo o meu desespero sugere que eu abra o celular para apertar a tecla ( eu estava apertando a tecla lateral com ele fechado) . Sigo o conselho dele e quando abro o celular , La vie enrose recomeça a tocar , então desesperada e visivelmente aterrorizada aperto a bendita tecla e o celular finalmente desliga.

A esta altura meu coração saiu pela boca e tenho os olhos vidrados de pavor.

Pausa para respirar...

Olho para a colega da frente e vejo que ela digita alguma coisa no celular sem o mínimo pudor .

Nana Pereira