sábado, 3 de março de 2012

Terror na orquestra






















Sábado, 9:30h, o ensaio da orquestra começa.

Afinam-se os metais, as madeiras e as cordas separadamente.
Em seguida, um lá geral e estamos prontos para começar o ensaio.
Hoje, a primeira peça a ser estudada será a Aleluia de Haendel.

Visualizem a cena:

De um lado a orquestra , do outro o coral, e no meio o maestro com sua batuta.
Algumas pessoas ainda estão com a cara amarrotada da cama, outras bocejam discretamente e hoje particularmente , estou meio sonolenta por causa da comemoração do meu aniversário que foi ontem à noite.

Antes de começar, sempre desligo o celular, mas estou com um celular novo que está me deixando maluca, ele está me vencendo de lavada e não descobri ainda como se desliga o caboclo.

O ensaio decorre normalmente, ora só tocam as madeiras, ora os metais, ora só as cordas e por aí vai.
Logo o maestro diz : Tutti ( significa literalmente todos) , Da capo (Da capo é um termo musical da língua italiana que significa do início) .
Começamos então a Aleluia. No meio da peça o celular que está no bolso da minha calça jeans começa a vibrar e a tocar, pasmem , La vie en rose.
O terror toma conta de todo o meu ser ( acho horrível essa gente que não desliga o celular em cinema, teatros e concertos), por sorte o som da orquestra encobriu o som da música , mas fiquei suando frio.
Assim que terminamos a peça inteira e o maestro faz algumas correções com o pessoal do sopro, enquanto isso tiro o celular do bolso e recomeço na tentativa de desligá-lo. Sem êxito.
Meu colega Sukita, sentado ao meu lado vendo o meu desespero sugere que eu abra o celular para apertar a tecla ( eu estava apertando a tecla lateral com ele fechado) . Sigo o conselho dele e quando abro o celular , La vie enrose recomeça a tocar , então desesperada e visivelmente aterrorizada aperto a bendita tecla e o celular finalmente desliga.

A esta altura meu coração saiu pela boca e tenho os olhos vidrados de pavor.

Pausa para respirar...

Olho para a colega da frente e vejo que ela digita alguma coisa no celular sem o mínimo pudor .

Nana Pereira