Eu tinha o costume de dizer que era uma mãe bombril, com mil utilidades
Era uma forma alegre de executar funções que não eram minhas.
Algumas vezes, senti-me sobrecarregada, mas nunca infeliz!
Aprendemos a bordar juntas, a fazer biscoitinhos, a ser feliz com o que tínhamos.
Sempre fui uma feroz defensora da importância da educação em nossa vida e vivia à espreita de novos livros de histórias, contos e tínhamos até uma noite de sarau.
Líamos em voz alta enquanto desenhávamos, todas as quintas-feiras.
Fernando Sabino e Guy de Maupassant estavam sempre muito presentes em nossas vidas.
Achava que a vida precisava de poesia e música, e num ato de extrema bravura financeira, comprei nosso primeiro órgão.
Ainda guardo no coração as músicas que eram tocadas especialmente para mim.
A casa se enchia de luz, alegria sem fim. Sentia-me a mãe mais sortuda do mundo.
Corri muitas vezes, para assistir as apresentações musicais, as festas anuais do colégio, mas as que ficaram marcadas foram as de cada formatura.
Persegui bolsas de estudo durante anos, descontos e vagas no curso de inglês, nas aulas de música, nas aulas de dança.
Acho que eu era uma maratonista incansável.
Nunca tive a intenção de fazer um papel que não fosse o meu, mas algumas vezes foi necessário.
Durante muitos anos recebi presentes no dia dos pais, dia dos namorados, dia das mães ,dia das crianças, além daqueles de Natal e de aniversário.
Todavia, o melhor presente foi ter minhas duas filhas.
Hoje é dia dos pais, só queria dizer da minha alegria de ainda ter um pai e sentir muito pelos pais que não aproveitam sua paternidade e a vivem plenamente.
Nana Pereira
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