terça-feira, 30 de setembro de 2008

Manhã de primavera






































Que canto é este que invade meu quarto e atrapalha meu sono logo cedo?
O dia mal acabou de nascer e a cantoria já anda à solta.
Será o canário do vizinho triste que só usa camisas escuras e bate a porta do elevador?
Será o curió que fez seu ninho bem na torre da igreja, sem alvará ou contrato de aluguel?
Ou será que é um sabiá-laranjeira alardeando a chegada da primavera?
O jardim já está florido, a romanzeira não se aguenta de tanta flor. Um sanhaço passeia displicentemente na grade do jardim, observa os vasos de flores e vez ou outra sorve uns goles de água dos bebedouros.
O céu está bem azul, o sol brincalhão bafeja sobre os prédios. No cavalete, um quadro de cerejeiras inacabado, um tubo de tinta vazio, um pincel caído no chão.
O celular avisa que chegou mensagem. Sinto o coração bater mais rápido, sento na beira da cama , prendo os cabelos e vou em direção à cozinha.
Minha cachorrinha segue-me toda alegre esperando meu carinho e sua ração, é claro.
Preparo meu café, cantarolo um trecho da música que toquei ontem no concerto enquanto passo geléia nas torradas.
Sinto saudade da minha caçadora de joaninhas...

Nana Pereira

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Rosh Hashaná

Hoje, a comunidade judaica de todo o mundo, comemora o Rosh Hashaná ( o ano novo judaico).





O ano novo judaico celebra a criação do mundo.

É época de reavaliação da qualidade do nosso relacionamento com Deus. Quando moisés intercedeu em favor dos hebreus ( por terem cometido idolatria) o povo ouviu ressoar o shofar , que anunciava a presença de Deus.




E para encanto de meus olhos , um novo hibisco cor-de-rosa do meu jardim, floresceu hoje, como que para comemorar a criação do mundo!































Que toda a humanidade possa comemorar com paz todos os dias de sua vida.


SHALOM!

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Enfim, dia dos pais

























Eu tinha o costume de dizer que era uma mãe bombril, com mil utilidades
Era uma forma alegre de executar funções que não eram minhas.
Algumas vezes, senti-me sobrecarregada, mas nunca infeliz!
Aprendemos a bordar juntas, a fazer biscoitinhos, a ser feliz com o que tínhamos.
Sempre fui uma feroz defensora da importância da educação em nossa vida e vivia à espreita de novos livros de histórias, contos e tínhamos até uma noite de sarau.
Líamos em voz alta enquanto desenhávamos, todas as quintas-feiras.
Fernando Sabino e Guy de Maupassant estavam sempre muito presentes em nossas vidas.
Achava que a vida precisava de poesia e música, e num ato de extrema bravura financeira, comprei nosso primeiro órgão.
Ainda guardo no coração as músicas que eram tocadas especialmente para mim.
A casa se enchia de luz, alegria sem fim. Sentia-me a mãe mais sortuda do mundo.
Corri muitas vezes, para assistir as apresentações musicais, as festas anuais do colégio, mas as que ficaram marcadas foram as de cada formatura.
Persegui bolsas de estudo durante anos, descontos e vagas no curso de inglês, nas aulas de música, nas aulas de dança.
Acho que eu era uma maratonista incansável.
Nunca tive a intenção de fazer um papel que não fosse o meu, mas algumas vezes foi necessário.
Durante muitos anos recebi presentes no dia dos pais, dia dos namorados, dia das mães ,dia das crianças, além daqueles de Natal e de aniversário.
Todavia, o melhor presente foi ter minhas duas filhas.
Hoje é dia dos pais, só queria dizer da minha alegria de ainda ter um pai e sentir muito pelos pais que não aproveitam sua paternidade e a vivem plenamente.

Nana Pereira

Nada é impossível




















Nunca diga que algo é impossível...
As coisas são no máximo improváveis.
Mas nunca impossíveis!

Durante muito tempo, sobre um móvel de mogno da sala de jantar, ele manteve-se em profundo e tenebroso silêncio.
Tinha como companheiros alguns porta-retratos da família e os raios de sol que entravam pela janela semi-aberta durante as manhãs
Chegou-se a pensar que era um preguiçoso, pois que não saia de dentro daquele estojo de couro preto.
Lembro-me das vezes que levantei o estojo para limpar a poeira que acumulava-se , suspirava com tristeza e pensava na triste existência dele.
Passaram-se muitos anos, até que um dia tomei coragem e abri o estojo, libertando-o de sua solidão!
Decididamente, um violino não foi feito para ficar em silêncio!
Até tentei tirar algum som, um gemido que fosse, mas ele manteve-se calado. Não sei se por medo, vergonha ou por incapacidade.
Encontrei um professor e passei a frequentar aulas semanais com mais três aprendizes.
Tenho que confessar, até com certa vergonha, que algumas vezes tive vontade de bater no professor com o violino e sair correndo.
Por muitas semanas voltei para a casa com aquela sensação de cansaço, de dever não cumprido.
Lembrei das aulas de piano que tive quando criança e da professora batendo na minha mão contra o teclado e pensava :
- Minha avó materna era sobrinha neta de Puccini. Não é possível que eu não consiga tocar pelo menos uma música neste violino.É questão de genética e de um pouco de teimosia!
Certa vez perguntaram-me porque eu queria aprender a tocar violino. Por satisfação pessoal? Para Impressionar seu namorado.,amigos ou familiares?
Respondi rindo ,que era porque era teimosa, e além do mais, as partituras de violino eram todas na clave de sol.
Alguns meses depois, comecei a fazer algum progresso, já sabia o nome das quatro cordas e sabia passar breu como ninguém no arco. Além disso,assim que a aula terminava, em questão de segundos, meu violino já estava devidamente confinado no estojo e eu, pronta para ir embora.
Ao final do semestre, pedi para o professor fazer uma partitura facilitada de Sous le ciel de Paris
para eu tocar na apresentação do final do ano.
Sabem, é minha música favorita e foi com muita alegria que a toquei junto com meus companheiros de aula. Algum tempo depois, começamos a formar uma orquestra e outros instrumentos foram aliando-se ao grupo. Meu violino é um instrumento básico para estudantes, um desses Cremona made in China, todavia, não sei explicar como o arco que veio junto é um arco John Brasil , considerado um dos melhores. Há dois anos troquei as crinas do arco por crinas da Mongólia e acreditem, fez toda a diferença.
Hoje,seis anos depois, somos uma orquestra de verdade , composta por 50 músicos e fazemos apresentações em Teatros, tocamos em alguns casamentos e nos cultos da Igreja Presbiteriana de São Paulo. Aprendi a ter outra visão de mundo, a ser mais disciplinada , mais culta e a ter mais entusiasmo pela vida, . Pesquiso sobre os grandes compositores e a música clássica passou a fazer parte do meu dia à dia.
É uma coisa impressionante! Todos nós sabemos muito bem quais são as nossas qualidades e que temos um conjunto de características típicas que nos fazem ser especiais, únicas. Basta abrirmos os olhos e nos darmos o devido valor, nos respeitando e respeitando nossa natureza.

Nana Pereira

A casa da vovó



















Era a casa mais bonita do bairro.
Pelo menos era o que eu pensava quando era criança.Os muros eram revestidos de pedras São tomé, haviam dois portões pretos , metade fechado e a outra metade em grade. O portão social tinha uma caixa para correio. O engraçado é que este portão não era usado, usávamos o portão da garagem que vivia apenas encostado.Na entrada havia um caramanchão de alamandas amarelas, o chão vivia cheio de pétalas , como se fosse um tapete para receber minhas visitas.Era realmente bonito de se ver. Bem na frente da casa ficava um lago com chafariz .No centro , um enorme sapo verde de louça espirrava água da boca.Dizem que o sapo evoca sorte, evolução, humor e transformação. Diz-se que ao coaxar, o sapo coloca seu coração em sintonia com o céu, solicitando diretamente as dádivas desejadas.Talvez seja por isso que meus avós tenham sido tão felizes. Nas tardes de verão, eu sentava à beira do lago e sem que ninguém visse, colocava os dois pés dentro do lago. Acho que a idéia era de colocar peixes no lago, mas ele nunca foi habitado, a não ser pelos meus pés. A varanda tinha pilastras de mármore branco. Lembro-me do vovô recostado numa das pilastras lendo a Bíblia logo após o almoço.Ele gostava de fazer anotações dos versículos em um caderno espiral .Após a leitura, ele fazia a siesta. Acho que ele sabia a Bíblia de frente para trás.
A varanda era a parte da casa que eu mais gostava, era fresquinha, tinha belas cadeiras brancas com almofadas floridas, uma mesa com tampo de vidroe vasos de flores. As cadeiras eram bonitas, mas eu gostava mesmo era de deitar no chão.Deitava-me para observar e vigiar as formigas que subiam pelas paredes.Incansáveis, em fila indiana, percorriam toda a varanda, até a janela do quarto da vovó. No parapeito haviam vasos de gerânios coloridos.
Acho que as formigas escalavam a parede apenas para ver de perto as flores.
Muitas vezes adormeci enquanto observava a vida das formigas.

Canário verde!























Sempre pensei que canários fossem sempre amarelos!
Wally era verde!
Wally chegou em casa no dia dos namorados,
Logo ganhou uma casa espaçosa e ventilada.
As manhãs eram anunciadas pelo seu canto.
Devia sentir falta de uma namorada.
Um dia enlouqueceu e passou a cantar à noite também.
Acho que morreu de solidão!
By Nana Pereira

Meus pés!




















Só fui descobrir que meus pés eram pequenos quando ainda era casada com meu primeiro marido!
O casamento estava um horror e sugeri fazermos uns encontros de casal na igreja!
Durante o primeiro e único encontro , havia uma brincadeira em que as mulheres tiravam os sapatos e os maridos teriam que descobrir suas mulheres pelos pés!
Quando vi os pés das outras, senti-me desconfortável,
Senti-me como a Amélia da história A Pata da Gazela de José de Alencar!
Ele foi o primeiro e único a apontar os pés de sua mulher.
Não resta dúvida de que é bem bonitinho e delicado, já que meço 1,70 e calço sapatos de número 35, todavia , esta belezinha me faz levar tombos bem embaraçosos nas rua, em lojas, na orquestra!
Mas, não estou reclamando!
AH! O casamento foi para o brejo, mas os pés continuam aqui!
Eles são uma de minhas marcas registradas!!
By Nana Pereira

Doce de laranjas!























Adoro doces, mas o meu predileto é o doce de laranjas da mamys!
A receita é de família!
Vou contar o segredo:
O doce é feito à quatro mãos!
As laranjas são colhidas no quintal!
Quem descasca as laranjas e retira o miolo é o papai!
Quando fica cansado, faz uma pausa e sapeca uns beijos na mamys.
Depois as laranjas são colocadas de molho para perder o amargo.
Que doce bom, meu Deus!!
Na calda, um suave sabor de cravos, dão o toque final!
O doce é colocado em compotas na geladeira,
Ficam esperando minha visita para serem comidos!
Que doce bom, meu Deus!
Doce de laranja feliz!
Mais feliz sou eu, que posso prová-lo!
Feliz sou eu, que posso comer doce de laranjas feito à quatro mãos!
By Nana Pereira

Amor à primeira vista!!

















Tudo começou em fevereiro de 2006
Fomos para o Rio de Janeiro de carro no feriado de carnaval!
Meus pais moram em um pequeno sítio perto da represa do rio Guandu.
É um lugar maravilhoso, com muito verde, flores, um pomar e vários animais soltos pelo quintal.
A viagem foi tranquila, o que eu não sabia era que minha vida mudaria para sempre a partir daí.
Assim que chegamos no sítio, meus olhos avistaram a coisa marrom mais linda que já haviam visto:
- Uma coisinha muito delicada, andando displicentemente pelo quintal!
Um filhote de pinscher que mais parecia um brinquedinho de pelúcia!
Apaixonei-me imediatamente e acho que a recíproca também foi verdadeira!
Ela tinha 2 meses e tinham lhe batizado como Bia Falcão ( personagem de uma novela, eu acho!).
Era a queridinha do meu pai!
Não nos largamos o feriado inteiro.
No dia de vir embora,criei coragem e disse ao meu pai:
- Pai, dá essa coisinha linda para mim?
Sei que deve ter sido difícil para ele , mas com todo amor , papai me deu a cachorrinha mais cara de pau e saltitante que conheço!
Batizei-lhe de Baby Xuxuzinho e assim que chegamos em casa, dei-lhe um porquinho de pelúcia cor-de-rosa para brincar!
Aproveitei e batizei também o porquinho com o nome de Beethoven, que hoje não é mais do que uma pelanca de pelúcia sem recheio!
Comprei-lhe uma caminha confortável, brinquedinhos, ração apropriada a sua idade e tamanho e xampu para banho.
Ainda hoje, ela continua saltitante e pequena, faz o maior sucesso quando saimos à rua.
É impossível não se encantarem com minha pequena Babynha!
Apesar de ter comido todas as minhas sandálias e ter destruído os dois sofás da sala, não consigo mais viver sem ela!
Coisas do amor!!

By Nana Pereira

A primeira Alice da família!














Meu avô se chamava João, e era um homem bom!
Nunca vi meu avô triste ou irritado.
Gostava de colocar apelido nas pessoas e era apaixonado pela vovó!
Lembro-me dele sentado na frente da TV e a vovó fazendo coceirinha nas costas dele,
Lembro-me dele contando a história de como fugiu da escola para não apanhar mais de palmatória.
Vovó saía para a ginástica e ele fazia a comida, e lavava a louça antes dela chegar.
Todos os dias depois do almoço, ele sentava na varanda para ler a Bíblia e fazer suas anotações com letras ininteligíveis. Acho que só ele sabia o que havia escrito.
Aos domingos, pegava a lista da feira que a vovó fazia , colocava dentro da Bíblia e ia para o culto.
Quando cresci e mudei para São Paulo,sempre que alguma coisa me afligia,telefonava e pedia que ele orasse por mim, parece que Deus atendia mais rápido, tal a fé dele.
Com a velhice, seu problema de surdez agravou-se, foi ficando cada vez mais surdo.
Foi nesta época que o apelidaram de Alice.
A família estava em guerra, o mundo cheio de violência, mas como era surdo não ouvia nada.
Quando ele despontava na esquina, meus primos já avisavam: Alice está chegando!!
Viveu feliz até os 98 anos.
By Nana Pereira

O Bom dia de Deus!
















Hoje tive uma manhã magnífica!
Acordei às 7h ,( como todos os sábados) para ir ao ensaio da orquestra!
Quase sempre vou de jeans e tênis ,( um tênis velho de guerra)já que tenho que andar por meia hora "arrastando o violino"!
Quando desci, na porta do prédio havia uma senhora bonitinha, de saia meio esverdeada, uma blusinha branca comportada e uma corrente comprida com um crucifixo!
Ela me deu bom dia e perguntou se era um violino o que eu carregava. Respondi que sim!
Ela perguntou logo em seguida se eu era católica!
Respondi que não, que sou protestante!
Conversamos mais um pouco e então é que ela me disse que era freira da Santa Casa de Misericórdia e que chamava-se irmão Cristiane.
Nos despedimos com beijos!
Andei mais uns 200m e um rapaz judeu usando "kipá" me deu um caloroso bom dia!
Respondi sorrindo seu bom dia com um "shalom"!!
Adoro as manhãs de sábado!
Mais uns 100m e um rapaz olhou para mim, deu bom dia e já começou a falar de sua paixão por música e que sua frustração era não saber tocar violino!
O rapaz era gay!
Nos despedimos e aí fiquei a pensar em como Deus nos dá bom dia todos os dias, através das pessoas!
Não importa a religião, a cor, a opção sexual, todos nós somos seus filhos e convivemos ou deveríamos conviver com amor e alegria!
São nesses momentos que sinto a presença Dele em minha vida:
Nas pequenas demonstrações de amor de nossos semelhantes!
By Nana Pereira

Alectorofobia!
































Alectorofobia?
Que raio é isso?
Descobri no ano passado, que sou uma Alectorofóbica!
Tenho pavor de galinhas!
A coisa é séria, eu saio do ar!!
Quando eu era pequena, havia um Galo grandão que ficava na esquina de prontidão!
Minha maior tortura era quando minha mãe pedia para que eu fosse à padaria...
O meliante assim que me via , começava a me cercar e eu esperava um descuido dele e saía correndo!
Ele corria atrás de mim como se fosse um cachorro!
Eu chegava na padaria arfando e apavorada!
Acho que nunca falei para minha mãe o porquê de detestar ir à padaria.
Uma vez, conversando com o marido de uma amiga, contei sobre esse meu medo.
Ele muito sério me disse: Talvez em outra vida você tenha sido uma minhoca e uma galinha te comeu!!
Então pensei: "Como será a vida de uma minhoca?!"
By Nana Pereira

O dia que o Juquinha morreu!






















Juquinha era o boneco predileto de minha filha caçula!
Um bonequinho todo amarelo de bonezinho, com uma carinha de travesso!
Ela não dormia sem ele, e andava arrastando o coitado pela casa durante o dia!
Certa vez, ela estava no jardim de infância, tive a brilhante idéia de fazer uma super faxina no quarto delas, coloquei colchas novas nas camas, arrumei as prateleiras cheias de bonecos e bichinhos de pelúcia e resolvi pendurar na parede um palhaço (que era da minha filha mais velha) e o Juquinha!
Toda contente com o resultado da arrumação, lá fui eu buscá-la na escolinha!!
Quando ela chegou em casa e viu o Juquinha pendurado na parede, começou a chorar, chorar, chorar....
Nunca entendi o porque de tanto choro.
Nunca mais ela brincou nem dormiu com o boneco!
Anos mais tarde, ela confessou-me que para ela , naquele dia eu havia matado o Juquinha!
Senti-me a pior das criaturas!
Moral da história: Nunca pendurem um boneco na parede!
By Nana Pereira

Cajueiro mágico



















Quase todo mundo tem recordação de um cajueiro da infância!!
A minha recordação é mais recente!
Eu já morava em São Paulo e quando ia de férias para a casa dos meus pais foi que descobri o cajueiro!
Eles moram em um sítio e o cajueiro ficava em cima do morro.
Todos os dias pela manhã eu levantava e pegava uma cestinha e ia colher cajus!
O Cajueiro estava lotado de cajus!
Enchia a cestinha e descia o morro toda feliz!
Que delícia tomar suco de caju feitinho na hora!
No dia seguinte, lá ia eu de novo com a cestinha, e pasmem, ele estava lotado novamente de cajus!
Todos os dias eu tinha certeza de que havia pegado todos os cajus, mas no dia seguinte lá estavam , prontos para serem colhidos!
Acho que havia alguma coisa de mágico e inexplicável!
Nunca entendi!
Hoje quando vou visitar meus pais, sinto saudade do cajueiro, que foi sacificado por uma piscina!
Todavia, ainda sinto o perfume dos cajus quando sento-me à beira da piscina durante as noites de verão!
By Nana Pereira

Um dia de Paganini!




























Ano passado, no concerto do Teatro São Pedro aconteceu um incidente (ou terá sido acidente?) que me fez lembrar o grande Paganini!
Estávamos no meio do concerto, preparávamo-nos para tocar Tannhaüser de Wagner, quando meu violino simplesmente caiu no chão,!
Imediatamente apanhei a "criatura" do chão e como se nada tivesse acontecido , voltei a tocar!!
Na saída do concerto, um amigo perguntou-me : Foi seu violino que caiu, não foi?
Ele não havia visto, só ouvido o ruído trágico!
Surpresa, respondi: Foi sim, como você sabe?
Nem preciso contar a resposta dele, né?
Sou um pouco atrapalhada!!
Acho que deveria ser parente de Paganini e não de Puccini!!
By Nana Pereira

Dentro da bolsa, uma arma...



























Sei que sou impulsiva e que tenho pavio curto,
mas certas coisas me tiram do sério.
Hoje saí com uma amiga e entramos num Banco Santander.
Tirei o celular e as chaves e coloquei na caixinha da porta.
Tentei entrar e o alarme disparou,
o guarda pediu que eu colocasse os metais na caixa,
Tirei porta-moedas, guarda-chuva e tentei novamente passar.
Novamente o alarme disparou.
Já irritada, tirei brincos e anel
Nem assim consegui passar pela porta
Já estava me sentindo uma fora da lei
O guardinha, por sinal bem antipático, mandou que eu deixasse a bolsa inteira no guarda-volumes se quisesse entrar.
Aí meu sangue espanhol falou mais alto,
Neguei-me a deixar minha bolsa e entrar com carteira e documentos na mão.
Tive vontade de tirar o sutien , talvez fosse o gancho da lingerie, sei lá
Mas, lembrei-me que não estava usando.
São estas coisas que me irritam, estes critérios que usam para decidir quem tem cara de bandido.
Penso que devo ter cara de assaltante de Banco,
caso contrário, o guardinha antipático teria liberado minha entrada no Banco.
O mais incrível é que os assaltantes nem bolsa usam, e entram com escopetas, "trezoitão" e metralhadora, e nessas horas o "grande" guardinha faz até xixi na calça!
Será que está havendo alguma coisa de errada com o mundo ou eu é que deveria ter sangue de barata?
By Nana Pereira

O chato de galochas


























É muito chato dia com chuva, mas tem lá seu lado pitoresco!
Hoje por exemplo, vi uma mulher usando galochas no Banco.
Lembrei que quando eu era criança, tive uma galocha amarelinha, eram uns sapatos de borracha que se punham por cima dos calçados normais para se sair na chuva.
Não lembro de usá-la para sair de casa, mas sim para ajudar a mamãe a lavar o quintal.
A fila no Banco estava grande, então aproveitei para "viajar" com a galocha!
Veio-me à cabeça a expressão "Chato de galochas".
Antes de mais nada, tenho que dizer que sou inocente, não fui eu quem criou esta expressão!
Será que o "Chato de galochas" era assim chamado porque entrava na casa da gente sem tirar a galocha e molhava tudo?
Ou será que era porque possibilitava ao chato chegar de mansinho, sem fazer barulho, impedindo a dispersão daqueles que obviamente queriam evitá-lo?
Há ainda uma hipótese de que a expressão tenha vindo da habilidade de reforçar o calçado. Ou seja, o chato de galocha seria um chato resistente e insistente.
Mas, por que será que um chato de galochas é mais chato que um cara sem galochas?
Qual seria o poder da chatice da galocha?
Particularmente , acho que um sujeito já nasce chato independentemente de ter ou não ter galochas.
Chatos de galochas são , na minha modesta opinião, aquelas pessoas politicamente corretas, que lutam contra a extinção das baleias e dos micos dourados, contra a devastação da selva amazônica , contra os gases poluentes que ameaçam a camada de ozônio, aquele sujeito que começa uma conversa no Messenger e pergunta logo de cara nossa idade, sem se importarem com seus semelhantes de fato.
Chegam a abusar do direito de serem chatos.
Enfim, a fila andou, fiz meu depósito no Banco e deixo para vocês avaliarem o que significa"Chato de galochas"!
By Nana Pereira

Serial killer


























Parece brincadeira, mas só este ano já comprei uns OITO mouses!
Está certo que não entendo muito de computadores, mas oito mouses é um número bastante significativo.
Sempre tenho que voltar à loja para trocar o meliante. Uma hora o botão da rolagem de tela não funciona, outra hora é o tipo de conexão que comprei errado.
O pior de tudo é que eles não funcionam mais do que 2 meses.
Estou sentindo-me uma Serial killer.
hoje quis dar uma de esperta e comprei um mouse preto, quem sabe o pretinho básico não me traria mais sorte?
Ledo engano, o meliante sequer deu sinal de vida!
Um amigo meu, disse-me que meu PC é à lenha, eu digo que é do tempo de Beethoven.
Coitado do Beethoven, ele teria enlouquecido e se jogado com piano e tudo pela janela, se tivesse o mesmo problema que eu.
Como não sou Beethoven e não quero estressar-me, amanhã voltarei à loja e trocarei por um mouse gelo.
Já sei que o homem da loja vai me olhar com um risinho maroto, mas fazer o que, né?
BY Nana Pereira

A trágica morte de Beethoven
















Beethoven era um lindo porquinho de pelúcia cor-de-rosa!
Vivia calmo e tranquilo em uma prateleira empoeirada.
Até que um dia, por volta de janeiro de 2005, um novo membro da família chegou .
Era uma pinscher marronzinha de nome Baby Xuxuzinho, muito pequenininha e frágil.
Como Babynha tinha apenas 2 meses e tinha deixado mãe e irmãos no Rio de Janeiro, Beethoven foi retirado da prateleira e virou seu amiguinho predileto e único.
Beethoven passou a frequentar todos os lugares da casa , carregado por sua amiguinha Baby.
Ele que só tomava banho a cada seis meses, passou a tomar banho toda semana, tal o estado deplorável que passou a ficar.
Era encontrado nos lugares mais inusitados , como por exemplo dentro da vasilha de ração deliciosa da Babynha.
Após um ano de aventuras , mordidas e "amassos", Beethoven perdeu todo o recheio e transformou-se em uma "pelanca " de pelúcia encardida.
Há um mês atrás, o pobre porquinho foi dividido em cabeça e tronco sem membros.
E ao som do segundo movimento da Sétima de Ludwig van Beethoven , decretei sua morte e com toda a pompa e circunstância foi "enterrado" na lata de lixo.
Dizem que sua alma foi encontrar-se com a alma do famoso compositor.
Vai se saber!!!!
By Nana Pereira

O sino da igreja


























Sair à rua sempre é uma aventura para mim, meus olhos vêem coisas que passam desapercebidas à maioria das pessoas.
Vejo pessoas tristes, mal humoradas, sem esperança e sinto-me tão sozinha!
Um homem de terno cinza esbarrou em mim e fez com que minhas partituras se espalhassem pelo chão. Nossos olhos se encontraram e ele ajudou-me a recolhê-las, pediu desculpas, sorriu e saiu apressado com sua pasta preta.
Fiquei olhando para ele até que desaparecesse de minha vista, e de repente alguém veio em minha lembrança.
Senti uma tristeza repentina e como sempre, meus olhos começaram a transbordar em lágrimas.
Não me importo mais que as pessoas me vejam chorando, aliás nem sei se vêem, estão sempre tão apressadas.
Sentei-me num banco ao lado da igreja, um ventinho de inverno despenteou meus cabelos, minhas mãos estão geladas, mas estou usando o anel que ele me deu.
Estou saindo de sua vida, e ele nem sabe. Talvez descubra quando eu já tiver partido!
Às vezes temos que sair da vida das pessoas , porque não suportamos não tê-las de fato!
O sino da igreja soou forte, acordando-me de meus pensamentos, é hora do almoço.
Um bem-te-vi cantou lá longe, uma criança de uniforme de escola deixou os cadernos cairem no chão, olho tudo sem entender que mundo é este em que alguém deixa um amor partir.
O sino parou de tocar, levanto-me e olho para o céu, na esperança de ver alguma estrela, ou algum sinal de que ele pensa em mim.
By Nana Pereira

Bolinhos de chuva


























Dizem que é bom fazer quando está frio ou chovendo, mas eu os faço em qualquer época do ano.
E o mais incrível, é que sempre aparece um amigo ou uma amiga inesperadamente.
Bolinhos de chuva são mágicos.
É importante verificar se tem os ingredientes antes de começar a preparar a receita, eu sempre esqueço!
A receita é complicadíssima, siga os passos para não errar.
Coloque um CD do Djavan para tocar;
Ponha para fazer um café na cafeteira enquanto prepara a receita;

Coloque numa tigela :

3 ovos,
3 colheres de açúcar,
3 xícaras de farinha de trigo,
1/2 xícara de leite,
1 colher de sopa de fermento
1 pitada de sal

bananas ( cortadas em rodelas)

Misture tudo e frite em óleo quente. Jogar por cima uma mistura
de açúcar e canela em pó.

É importante que sua roupa fique cheia de farinha de trigo;
Não se asuste se labaredas entrarem dentro da frigideira;
A esta altura, o café está pronto e com certeza a campainha vai tocar!
Receba o visitante, sirva os bolinhos com café, mas não esqueça de pentear os cabelos antes.
By Nana Pereira

O caso dos despertadores






















Eis uma história que ensina a como enlouquecer uma pisciana.
Meu segundo marido, a quem vou chamar carinhosamente de F2 ( Falecido 2), para economizar letras e não identificá-lo,tinha dois empregos, trabalhava como um camelo, ou seria como um cão?
Ele era tão quentinho, adorava dormir com cabeça no peito dele.
Bem , não importa! O que importa é que como dormia muito tarde e tinha que acordar muito cedo, usava vários despertadores para não perder a hora.
Mas não pensem que os despertadores ficavam enfileirados , ele os escondia para não travá-los inconscientemente.
Eram quatro despertadores, incluindo uma galinha que ficava cacarejando e só dizia "Good morning" quando era travada.
E o pior, só ele sabia os esconderijos.
Colocava cada um para despertar uma hora, com diferença de 5 minutos.
O primeiro despertava à 4:45m, o segundo às 5:00, o terceiro às 5:15, o quarto à 5:30 e pasmem, usava o meu despertador também, para despertar às 5:45.
A casa inteira, e acredito que o prédio inteiro eram acordados com a sinfonia de PIPIPIS e COCORICÓS!
Certa manhã, fui acordada pelo primeiro despertador e percebi que estava com dor de cabeça, comecei a procurar os outros despertadores.
Imaginem a cena : uma mulher de camisola, descabelada, com dor de cabeça, rastejando pelo chão à procura de despertadores.
Foi uma experiência inesquecível!
Quando achei o último debaixo da cama, marchei como um soldado enraivecido, com todos nas mãos e "sepultei-os na lata de lixo.
Evidentemente F2 perdeu a hora, mas minhas filhas agradeceram com beijos efusivos, e imagino que a vizinhança também me agradeceu em pensamento.
Depois disso, um único despertador tocava às 5:30 e eu dava-lhe uma sacudida para acordá-lo.
E vivemos 5 anos felizes...
O mais estranho, é que depois que nos separamos nunca mais nenhum despertador funcionou no meu quarto!
By Nana Pereira

Dormindo com o inimigo





















Já sei o que vão pensar!
Sei que não é chique, elegante, nem sexy, mas não sei dormir sem meias.
Pronto, falei!
Meus pés congelam, não consigo dormir se não estiver usando..............meias!
Já ouvi dizer que é coisa de piscianos, mas tenho minhas dúvidas!
Fico pensando em como alguém pode conseguir dormir sem meias nesse frio que anda fazendo!
Acho bem pior dormir de pijama de flanela!
Acho que só tive um pijama em toda minha vida, era preto, de rendas, transparente.
E eu só conseguia usar a parte de cima.
Gosto de dormir de camisolinha, babydoll e .............................meias!
Uso aquelas meias soquetes branquinhas, algumas têm um friso colorido, .
Se uso camisola rosa, o friso é rosa, se uso camisola azul, o friso é azul, e por aí vai!
O duro é quando a camisola é preta, fica meio estranho usar meias brancas, mas recuso-me a usar meias pretas, acho pouco femininas.
Por isso deixo as camisolas pretas para usar no verão!
Tive um namorado que me obrigava a tirar as meias .
Não tenho nada contra dormir sem roupas, mas sem meias!!
É demais para mim!
Dizem que Marilyn Monroe dormia vestida apenas com algumas gotas de Chanel nº 5.
Eu durmo com umas gotas de Dolce&Gabanna e ....................meias.
Minha filha acha breguíssimo usar meias, principalmente com havaianas! HAHAHAAHA
Agora estou na fase das pantufas.
Vou comprar uma de cada cor!
A primeira é azul com borboletas! Tão meiga!
A próxima será branquinha com corações vermelhos!
A verdade é que só quem é pisciano sabe o valor de um pé!
Pés são um tormento, qualquer coisa machuca, faz bolhas.
Agora, vou passar um creminho nos pés e colocar minha meia!
Para poder sonhar é preciso dormir bem!
By Nana Pereira

O dia em que a vaca foi para o brejo





















Não me lembro da data, mas já devem fazer uns 5 anos mais ou menos.
Naquele dia resolvi colocar salto alto para ir trabalhar!
Acho realmente que o salto alto nos deixa elegantes, mas também acho muito cansativo e um tormento desnecessário para mim.
Tenho 1,70 e não preciso de salto para parecer mais alta do que sou, mas reconheço que fico mais elegante com ele.
Escolhi o "marvado" como nossas avós escolhiam feijão no passado, com muito cuidado, sem pressa, como se nada mais houvesse no mundo para fazer.
Tudo estava perfeito, o sapato não machucou meu pé, não fez bolhas na sola.
Saí do trabalho exultante, afinal teria que andar meia hora para chegar em casa.
Após andar uns 50 m , minha sorte mudou: o salto do pé direito simplesmente caiu.
Assim, sem nenhum aviso , muito menos respeito!
A situação era calamitosa, como iria conseguir andar com uma diferença de 5cm de um pé para o outro!
Olhei para o sinal de pedestre que estava verde , mantive a pose e atravessei a rua na ponta do pé!!
Estava de calça comprida e se não olhassem para os pés, não perceberiam um pé fantasma!
Sorri para mim mesma e pensei em como era esperta!
Ai meu pai!
Muito esperta mesmo!!
Após meia hora de caminhada na ponta do pé, minha perna direita estava imprestável, parecia que ia cair, assim como o salto do sapato caiu!
Passei 2 dias com uma dor horrorosa na perna, fiz compressas, passei creme, gelol e nada fazia efeito.
Após este episódio, decidi não ser elegante nunca mais.
Agora , se tiver que caminhar mais de 2m, vou de tênis e levo o sapato "elegante" na bolsa.
Algum dia farei uma pesquisa com milhares de piscianas para saber como conseguem usar salto alto e andar ao mesmo tempo.
By Nana Pereira

Existe uma Dalila dentro de mim!





















É engraçado como temos a mania tola de descrever como deve ser nosso par perfeito, pelo menos na parte física!
Eu, por exemplo sempre descrevia o dito cujo como:
Alto, moreno claro, magro, com fartos cabelos macios, com pouquíssimos pêlos no corpo.
Pois bem, isto tudo é uma grande bobagem, já que quando nos apaixonamos perdemos o juízo completamente.
Tive um namorado, a quem chamarei de Sansão para preservar sua identidade.
Sansão era nanico, tinha a minha altura, era meio gordinho, tinha pêlos no peito, nos braços , nas costas e por todo o corpo, menos na cabeça, quase careca, digamos que era calvo.
Tenho que confessar que no início fiquei decepcionada ao ver tanto pêlo, mas venci o preconceito .
Além de tudo , tinha um sotaque meio caipira.
Em sua casa haviam dois cachorros que não eram seus: um poodle encardido e um boxer com cara de bobão.
Seu quarto parecia o polo Sul, era congelante, sofri muito ,tremendo de frio.
Mas, aqueles pêlos nas costas era o que me incomodava mais.
Cheguei a sonhar que era Dalila e enquanto Sansão dormia espalhava cêra de mel em suas costas e com um sadismo quase angelical, depilava-o todo!
O namoro terminou, é claro, mas esta vontade de depilar o Sansão ainda me persegue até hoje.
By Nana Pereira

Ao vencedor, as bananas!






















Quando as crianças eram pequenas, minha especialidade era fazer "Bananas amassadas" com farinha láctea.
Não pensem que eram quaisquer bananas, havia todo um ritual:

Separar as bananas e descascá-las;
Amassá-las totalmente, sem deixar pedaços inteiros;
Colocar açúcar;

E por fim........................soterrá-las com farinha láctea!

Certa vez a avó paterna de minhas filhas, foi fazer banana amassada para minha caçula e foi cruelmente esculachada: "Não é assim que a mamãe faz"!!
E não comeu!

Tive uma amiga em São Bernardo do Campo, que tinha 3 filhos.
Minhas filhas ficaram chocadas quando viram como ela preparava a banana dos filhos:
Ela dava uma banana para cada filho, abria o açucareiro e a lata de farinha láctea e eles mergulhavam a banana inteira em cada recipiente e depois mordiam a banana.

Machado de Assis já dizia: "Ao vencedor, as batatas" , eu digo: Ao vencedor , as bananas!
O carinho com que eram feitas as bananas amassadas não tinha preço!
By Nana Pereira

Tatuagem!













Eu não gosto de gente que tem um monte de tatuagens.
Fica parecendo gibi, revista em quadrinhos!
Todavia, há uns dez anos que eu tinha vontade de fazer uma tatuagem.
Uma vez vi em uma propaganda uma mulher que tinha um anjinho tatuado no bumbum e achei tão meigo!
Sabem, há algum tempo que estou presenteando-me com pequenas coisas que sempre quis fazer ou ter e fui deixando passar.
Ano passado, resolvi realizar esse desejo.
Tinha saído para almoçar , estava voltando para casa e passei em frente ao local que faz tatuagens.
Entrei e fui atendida por um moreno bonitão com jeito de histórias em quadrinhos: era o tatuador!
Expliquei o que eu queria, ele mostrou-me o catálogo e eu fui logo olhando todos os anjinhos!
Queria um anjinho pequeno, meigo e com carinha de sapeca!
Apontei para o desenho e ele logo perguntou afirmando: Vamos fazer agora?
Pensei comigo: - Faça logo, acabe com o seu sofrimento!
Só que resolvi mudar o local da tatuagem e vou explicar o motivo.
Pensei no futuro e fiquei imaginando um anjinho num bumbum de uma senhora, com ar triste e quase despencando lá de cima!
O tatuador morreu de rir comigo!
Decidi fazer no que chamo de "cartucheira"., aquele local logo abaixo da cintura, no quadril.
O anjinho é pequenininho, mas doeu pra burro, chorei, mordi a mão, rasguei o lençol descartável da maca e por fim saí de lá com minha tatuagem.
Uma de minhas filhas não acreditou que eu tinha tido coragem e me deu parabéns, a outra me olhou com olhar de reprovação e ficou quieta.
O anjinho é meigo, mas de vez em quando , quando engordo um pouquinho, ele fica meio bochechudo.
Querem saber?
Faria tudo novamente!
By Nana Pereira

Cérebro turbinado





















A moda agora é turbinar os seios e até bumbum.
Parece que ninguém está satisfeito com o que tem.
Fico pensando se vale a pena mesmo passar por isso tudo.
Eu não correria o risco, já tenho problemas demais com meu cérebro turbinado todos os dias.
É incrível como as idéias e as palavras pulam de dentro dele a todo instante.
Fico enlouquecida se estou dentro de um ônibus e as palavras começam a pular sem nenhum controle.
Às vezes, estou no Shopping,em um restaurante, no dentista, e elas me atormentam até que eu as ponha em um papel.
Sou uma mulher praticamente normal, como todas as outras, a única diferença é que na minha bolsa, além de batom, espelho e pente, tem que ter um bloco e uma caneta.
Mas o pior mesmo é à noite, elas, as palavras, saltam e pulam vertiginosamente do meu cérebro, emaranham-se nas cobertas, por entre os travesseiros, até que eu me levante para ordená-las.
É surpreendente o poder que elas têm sobre mim, são como pássaros aprisionados em gaiolas, querendo sair para a liberdade.
BY Nana Pereira

A primeira visita ao salão , a gente não esquece




















Minha mãe tinha cabelos pretos e ondulados, talvez por isso tenha decidido levar-me ao salão pela primeira vez aos 11 meses para fazer permanente.
Nasci careca,com apenas umas penugens na cabeça, e quando o cabelo foi crescendo mostrou-se liso e castanho bem clarinho!
Minha mãe então, resolveu fazer permanente nos meus cabelos!
Pois bem ainda lembro-me do tal dia, acreditem!
Lembro que havia um espelho grande e que colocaram almofadas na cadeira para eu ficar mais alta.
Não lembro do rosto da cabeleireira, mas lembro do cheiro ruim do produto que ela passou nos meus cabelos.
Ela puxava meus cabelos , enrolando num rolinho enquanto passava o produto fedido.
Chorei..........chorei muito!
E continuei chorando, soluçando!
Até que apareceram uns biscoitos do tipo Champagne para calar minha boca!
Comi os biscoitos e voltei a chorar!
Minha mãe saiu para comprar uma chupeta para mim.
Queriam calar minha boca de qualquer jeito!
O cabelo ficou estranho, cheio de cachinhos e escureceu!
Não lembro de ter levado palmadas por causa da choradeira, mas a chupeta foi jogada fora!
Minha mãe deve ter desistido de mudar meu visual, pois nunca mais inventou de me deixar com cabelos encaracolados.
Acho que não combino com cabelos encaracolados, gosto do jeito que são!
By Nana Pereira

A história de Lucrécia



























Contarei a história de uma mulher triste, solitária e estranha a quem chamarei de Lucrécia por não saber o nome da Madrasta da Branca de Neve!
Lucrécia é mais nova do que eu, não casou, não teve filhos ,é massoterapeuta.
Uma mulher grande, de ossatura larga, com mãos enormes e pesadas ,que mais parecem duas raquetes.
Todas as vezes que ligo na casa dela e ela não está, entra uma gravação na secretária eletrônica que diz mais ou menos assim:
- "Eu vivo feliz a cantar, não tenho problemas , alegre é o meu caminhar......"
A gravação tem uma entonação de uma pessoa triste e infeliz, quando chega na parte do "não tenho problemas", tenho a impressão que ela vai chorar, fico até deprimida.
Uma vez sugeri que ela arrumasse um bichinho de estimação, já que ela reclamava que era muito triste chegar em casa e não ter ninguém lhe esperando.
Ela disse que ia pensar!
Um tempo depois, dei-lhe de presente um pequeno aquário com um peixinho Beta.
Ela ficou feliz , batizou o peixe , como eu faço com os meus peixinhos.
Um dia ,ela ligou-me aos prantos e por fim contou-me a tragédia: o peixe havia morrido!
Consolei-a e disse que é assim mesmo, eles morrem.
Ela deve ter ficado chocada quando eu disse que quando meus peixes morrem, canto a marcha fúnebre , jogo-os no vaso sanitário e dou a descarga!
Depois disso ela arrumou uma canária para lhe fazer companhia.
No final do ano passado, perto do Natal, ela me procurou e fomos almoçar juntas.
Estávamos no final do almoço, em um restaurante, quando o assunto mudou, sei lá porque, para pássaros.
Comentei que não tenho coragem de cortar as unhas do meu canário ( aliás, já morreu ) e que é minha filha quem as corta.
Foi então que ela resolveu me contar que uma vez foi cortar as unhas de um pássaro e ele lhe deu uma bicada.........., pegou minha mão minúscula e mostrou como foi a bicada: pegou a pele da minha mão e torceu com toda a força!
Senti uma dor absurda, meus olhos encheram-se de lágrimas, o local ficou roxo imediatamente.
Ela ainda brigou comigo por "estar fazendo cena" por causa de um beliscãozinho de nada!
Depois desse dia nunca mais a vi!
Lucrécia desapareceu!
By Nana Pereira

Aprendendo a bordar!



















Quando as crianças eram pequenas eu vivia inventando coisas para fazermos nos fins de semana.
Certa vez comprei umas revistas que ensinavam a bordar ponto cruz, linhas e agulhas.
Após o almoço nos reunimos em minha cama para a nova empreitada.
Cada uma de nós escolheu um desenho.
Enquanto eu tentava entender as explicações na revista, elas escolhiam as cores das linhas e ansiosas esperavam para começar.
Minha nossa! Que troço mais complicado!
Tentei começar o meu bordado e a linha contorcia-se na agulha, embolava e eu desmanchava tudo e recomeçava.
Minha filha mais velha também tentou, mas logo sua linha estava cheia de nós.
Após meia hora de tentativas mal sucedidas fui ficando com raiva da tal revista.
Minha vontade era de jogar tudo pela janela e pegar um filme para vermos enquanto comíamos pipocas.
Quase que em uníssono, minha filha mais velha e eu dissemos: Desisto!
De repente, olhamos para a menorzinha do grupo e com espanto vimos que já tinha bordado um coração cor-de-rosa!
Envergonhadíssimas, sentimo-nos duas incompetentes!
Pegamos de volta nossos bordados em branco e tentamos até conseguirmos.
No final, bordamos várias coisas e foi uma tarde bem agradável!
Rimos muito , bordamos galinhas, flores, ursinhos e coelhinhos.
Até hoje tenho o coração cor-de-rosa guardado!
Tão bom lembrar desses momentos!
By Nana Pereira

O presente simbólico!





















Já recebi todo tipo de presentes: presente surpresa, presente virtual, cartão, flores, chocolates, beijos, abraços, mas jamais me esquecerei do presente simbólico que recebi certa vez!
Era noite de Natal, todos estavam ganhando presentes.
A dona da casa, a quem chamarei de Madame Tremaine ( madrasta da Cinderela), começou a distribuir presentes para toda a família.
De repente chamou o meu nome, levantei de onde estava e fui até ela pegar meu presente.
Peguei o embrulho e voltei para o meu lugar e já ia começar a abrí-lo, quando madame Tremaine sentou-se ao meu lado , tomou-me o embrulho e disse quase sussurrando , para ninguém ouvir:
- Este é um presente simbólico, uma outra hora comprarei alguma coisa adequada para você!
Feito isso, levantou-se e voltou a sua cadeira real!
Seu filho, meu marido na época, veio até a mim e perguntou:
- O que você ganhou de minha adorável mãe?
Respondi baixinho:
- Um presente simbólico!
Expliquei-lhe o ocorrido e ele sem entender muito bem aceitou a explicação e a festa continuou!
Sabem o que me mata?
A curiosidade! hehehehehe
Adoraria saber o que tinha no tal embrulho, mesmo que fosse papel picado!
Sou curiosa por natureza!
By Nana Pereira

Pessoas sem cultura!


























Estou lavando alface para a salada do almoço quando minha filha de 8 anos chega da escola , coloca a mochila na cadeira da cozinha e dispara:
- Mamãe, na minha escola ninguém tem cultura!
Paro imediatamente o que estou fazendo e pergunto:
- Como assim?
Ela senta no banquinho que tem perto da pia e responde:
- Você acredita que na minha classe ninguém conhece Guy de Maupassant?
Arregalo os olhos e deixo que ela desabafe!
- Nem a professora conhece!
Respiro fundo e fico pensando no que devo responder!
Ai meu Deus, o que devo dizer?
Por fim , respondo que nem todo mundo conhece mesmo e que ela só conhece porque sou fã de seus contos!
Ela pega um punhado de cenouras raladas da travessa e diz:
- Mas , todo mundo não deveria conhecê-lo?
Volto a lavar as folhas de alface e respondo sorrindo:
- Sim , todo mundo deveria conhecê-lo, afinal é meu autor preferido!
Ela me abraça, me beija e vai para o quarto trocar de roupa.
Acho que vou começar a ler apenas Monteiro Lobato para as crianças......
Mas, será que conhecem Monteiro lobato?
By Nana Pereira

O banquete!













Às vezes, um pequeno almoço torna-se um banquete por causa da companhia!
Quando isso acontece, sinto-me presenteada por Deus.
Semana passada participei de um banquete , almoçando com uma amiga!
Serei obrigada a identificá-la, não criarei nenhum codinome para ela!
O banquete foi com minha amiga Joyce!
Joyce das pernas bonitas, do sorriso escancarado, da alma em festa, do coração cheio de amor.
Como sempre, ela chega depois do horário combinado e encontra uma pessoa roxa e com a barriga roncando!
Ela me sorri e eu retribuo o sorriso e nos abraçamos demoradamente.
Pedimos nosso Yakisoba e entre palavras e risos devoramos o coitadinho ,sem dó nem piedade!
Quando terminamos , eu como uma boa anfitriã digo:
- Podemos passar para a sala ao lado?
Ela sorri e concorda!
A sala ao lado é um Café onde servem uma torta de limão deliciosa.
Entre tortas e expressos, conversamos, rimos, sorrimos e até gargalhamos.
Esses são os melhores banquetes da vida, porque alimenta nossa alma e sacia nossa fome de amizade e amor!
Acho que todo mundo deveria banquetear-se de vez em quando!!

By Nana Pereira

Listas




















Fazer listas é uma de minhas manias mais marcantes.
Parece, se me lembro bem, que começou na adolescência.
Eu fazia listas dos livros que gostaria de ler, listas de discos que queria comprar, lista de convidados para minha festa de aniversário, etc...
O interessante é que todo ano eu fazia a tal lista de convidados, mesmo que não fosse haver festa.
Faço lista para quase tudo: coisas que quero aprender, músicas que quero ouvir, DVDs de óperas que quero ter, côres de tintas que preciso comprar para pintar, coisas que preciso arrumar em casa, lista de amigos que precisam de orações,lista de novos enfeites para a árvore de Natal, cremes que quero comprar e até a famosa lista de compras!
Vocês vão pensar: Como é organizada!!!
Não me façam rir, faço a lista como uma forma de ser organizada, mas estou muito longe disso.
Aliás, sempre esqueço a lista de compras em casa, só lembro quando já estou dentro do mercado.
Eduquei minhas filhas fazendo listas de tudo, mas a mais esperada era a primeira lista do ano, logo após o ano novo.
Fazíamos cada uma a sua lista de coisas que queríamos para o próximo ano e deixávamos em local visível.
Valia tudo, coisas materiais e coisas da alma.
O legal é que comemorávamos, riscando o que íamos conseguindo .
Algumas coisas até hoje ainda são passadas para a próxima lista.
Não sou organizada, mas sou teimosa!
By Nana Pereira

O tempo e o vento





















Houveram épocas em que o relógio era meu fiel companheiro de todos os momentos, às vezes até dormia com ele.
Meu dia era cronometrado, cada minuto tinha uma importância vital.
Acho que eu tinha uns oito relógios, todos funcionando. Em casa haviam seis relógios de parede.
Durante muitos anos segui à risca os horários , sempre fui do tipo pontual e muitas vezes cheguei antes do horário em meus compromissos.
Não posso reclamar, foi uma época feliz em que eduquei minhas filhas.
Tínhamos horário para comer, conversar, ler, brincar, estudar e sonhar.
Está certo que os sonhos ficavam no final da fila, mas sempre estiveram presentes.
Hoje, continuo tendo a mesma quantidade de relógios, mas estão perdidos em alguma gaveta.
Acordo com a luz do sol entrando pela janela, almoço quando tenho fome, aprecio a chuva caindo na torre da igreja, encanto-me com a luz das estrelas.
Hoje fui ao dentista e saí bem antes para poder andar sem pressa, observar os caminhos, as pessoas, as árvores .
Gosto de sentir o vento no rosto, nos cabelos, sem importar-me se vão despentear-me .
Gosto de poder sentar-me em um Café e comer minha torta predileta acompanhada de um café e olhar para as pessoas que passam apressadas.
Já tive pressa também e entendo que faz parte de nossa vida essa fase de correr contra o tempo.
Hoje, prefiro correr com o vento, ao seu lado, desfrutar da brisa , do sereno e da delícia que é estar viva.
Semana passada, estive no médico e contei-lhe que tenho acordado durante as madrugadas para escrever, que as idéias e as palavras querem sair do meu cérebro para o papel.
Ele receitou-me um remédio para eu dormir sem acordar durante a madrugada.
Disse-me que preciso dormir, afinal não sou nenhum Jô Soares ou alguma escritora famosa.
Saí do consultório sentindo um certo pesar, uma certa tristeza, não por não ser o Jô Soares, mas por ver que em nossa sociedade não é permitido sonhar, se sonhamos somos loucos e irresponsáveis.
Não tenho a pretensão de ser um Jô Soares de saias, mas também sei que ele não nasceu famoso e que deve ter ouvido muitas histórias e conselhos deste tipo: Arrume um emprego e escreva nas horas vagas, afinal você não é nenhum Rui Barbosa.
O que se pode esperar de um país onde a leitura não é incentivada, onde cultura é só para quem tem dinheiro?

Enquanto isso deixo que o vento acaricie meu rosto e despenteie meus cabelos enquanto sonho....

By Nana Pereira

O pássaro


























Adoro pássaros, acho que são tão delicados e alegres!
Já tive dois canários, Wally e Wófel, os dois já morreram.
Gostava de acordar pela manhã com o canto deles.
Nesta última semana, algum vizinho arrumou um pássaro, que pelo piado deve ser grande.
O distinto não canta, pia!
E o que é pior, começa às 5h da manhã e vai até às 7h.
Deveria haver uma lei de silêncio para pássaros também, pelo menos para aqueles que não cantam, só piam.
É bem verdade que gosto dessa sensação de estar num sítio, rodeada de pássaros, borboletas e flores, mas nos primeiros dias tive vontade de amordaçar o infeliz aspirante à cantor.
Estou até pensando em libertá-lo , abrir a porta da gaiola e deixá-lo partir para bem longe!!
Brincadeiras à parte, sou fã dessas criaturas que fazem nosso dia amanhecer mais bonito e alegre!
Por causa dele, estou acordando mais cedo e aproveitando mais o meu dia!
By Nana Pereira

Manias
































Sabem aquelas manias que temos e nem sabemos porquê?
Pois é!
Nem sei quando, nem como começou, mas tenho mania tipo "dormindo com o inimigo" de ter a gaveta dos talheres arrumada!
Qualquer outra gaveta pode estar uma bagunça, mas a dos talheres tem que estar arrumadíssima.
Garfos grandes com garfos grandes, pequenos com os pequenos, e assim por diante.
Para que isso aconteça tenho duas gavetas só para os talheres, e ai de quem bagunçar!
No outro dia cheguei a sonhar que tinham bagunçado minha gaveta dos talheres, acordei e fui direto à cozinha para verificar!
Fiquei aliviada que havia sido apenas um sonho, ela estava como sempre arrumada!
Ainda não cheguei ao cúmulo de colocar laços de fita neles, mas estou bem próxima disso!
Quando minha filha caçula precisou cortar os cabelos pela primeira vez, para não traumatizá-la , prometi que traria todos os seus cachinhos amarrados por laços de fita!
E foi um sucesso!
Ela escolheu a fita e a cor e comportou-se muito bem no salão! Ela tinha apenas dois anos.
Quando resolvi tirar sua mamadeira, foi a mesma coisa, ela escolheu uma fita de veludo amarela , demos um bonito laço e deixamos no armário como enfeite!
É , tenho mania de laços também!
Acho um pouco exagerado colocar laços nos talheres, mas sabem que no Natal pode ser uma boa idéia?

By Nana Pereira

O dia que assaltei um pé de hibiscos

























Vocês irão pensar: "O mundo está perdido"! "Até tu Brutus?"
Eu sei que o que fiz não foi politicamente correto, mas foi mais forte do que eu!
Ajoelho-me e peço perdão, mas não estou arrependida!
Hoje está um lindo dia e saí para passear com minha fiel escudeira Baby Xuxuzinho ( minha pinscher saltitante), como estou com o joelho esquerdo avariado devido a uma batida na quina da cama, fomos caminhando bem devagar!
A Baby, lépida e saltitante e eu, meiga e manquitolando!
Descobri vários pés de hibiscos por todo o caminho!
De quase todas as cores: rosas, brancos e vermelhos. Só não vi amarelos!
Um forte impulso tomou conta de meu ser!
Pensei com meus botões:
- Preciso "afanar" um galho da árvore, quem sabe não brota?
Meu lado meigo gritava no meu ouvido:
"Que coisa feia, vai ter coragem de surrupiar um galho do arbusto?
Sem pensar muito, "assaltei" o arbusto de hibiscos vermelhos.
Foi até fácil, olhei para os lados e ninguém parecia estar olhando!
Só não consegui afanar dos outros porque eram altos e eu teria que pular!
Meu joelho não está muito bem, então resignei-me e fiquei só com o galho do hibisco vermelho.
Já sei o que vão pensar:
- Fez da cachorrinha sua cúmplice!
Mas, tenho uma atenuante: não foi um crime premeditado!
Saí apenas para passear!
Além do mais , sou ré primária!
Vou arrumar uma amiga advogada!
Já estou premeditando assaltar o hibisco cor-de-rosa!
Agora que já sou uma assaltante experiente, usarei luvas para não deixar minhas impressões digitais!
Estou até pensando em assaltar o Manacá perfumado que tem lá no Café que costumo comer minha torta de limão!
É......................., o mundo está perdido!

By Nana Pereira

Banho de espuma
















Há muitos anos , morei em frente à Praça Buenos Aires e todos os dias , era acordada não pelo canto de um pássaro, mas por uma sinfonia de bem-te-vis e sabiás .
Eles iam entrando sorrateiramente em meu sonho , até que despertavam-me por completo.
Eu abria os olhos, espreguiçava-me , ia até a janela ver a renomada orquestra que ousava entrar em meus sonhos!
Eu tinha todo um ritual pela manhã , antes de sair para o trabalho,enchia a banheira com água quentinha, colocava sais de banho perfumados e ficava por vinte minutos soterrada pela espuma ,que muitas vezes transbordava pelo banheiro adentrando o corredor do apartamento.
Fechava os olhos e olhava para dentro de mim mesma sonhando com a tal felicidade.
Acho que era o único momento que sentia-me em paz naquela época.
Tinha uma orquestra sinfônica matutina só para mim, um apartamento imenso, uma biblioteca com tantos livros que talvez jamais tenha novamente, mas era imensamente infeliz.
Ainda consigo lembrar do canto dos pássaros e da espuma escorrendo pelo chão do banheiro.
By Nana Pereira

Tenho amigos que ninguém tem

























Acho engraçado quando ouço alguém fala que "fulano é um bom amigo"!
Amigo sempre é bom, senão não é amigo.
Ao longo da minha vida fui conquistando vários amigos, e cada um é insubstituível em meu coração.
Minha filha Aninha sempre diz que tenho amigos que ninguém tem!
E é verdade!
Tenho amigos de todas as idades, cores e religões.
Tenho minha amiga Vilma , que é minha companheira de teatro e recitais,
Tenho a Yolanda, que é minha companheira de compras de Natal,
Tenho a Joyce que é companheira de Yakisoba,
Tenho a Marlene, que é companheira de comida japonesa,
Tenho a Gabi e a Camila que são companheiras de bolinhos de chuva,
Tenho a Cristina , que sempre que estou triste parece que adivinha e me liga,
Tenho o Romero que me tem como sua conselheira,
Tenho o Fernando que me conta suas histórias de vida,
Tenho o Sukita que almoça comigo todo sábado depois do ensaio da orquestra,
Tenho a Arlete que me ajuda a arrumar os armários da cozinha,
Tenho a Fernanda que está sempre ao meu lado nas horas boas e difíceis,
Tive empregadas e faxineiras que me traziam flores e vasinhos de plantas,
Tenho amigos que ninguém tem!
Talvez seja por isso que eu tenha um álbum de fotografias só de amigos,
Talvez seja por isso que meu caminhar seja sempre alegre apesar dos problemas.
By Nana Pereira

Um hobbie


















Arturo (óleo sobre tela) Nana Pereira


Sinto-me uma pessoa privilegiada por ter um dos hobbies mais fascinantes e inteligentes do mundo.
No aquarismo você acaba aprendendo um pouco de física, química, biologia, ecologia e também geologia e geografia, e tudo isso com muita simplicidade.
Além disso, peixes são os melhores animais de estimação para quem tem pouco tempo disponível e tem pouco espaço em casa, pois, peixes não fazem xixi no tapete, não soltam pelos, não têm cheiro, não precisam ir ao veterinário periodicamente, não deprimem se você viaja por muito tempo, não roem sofá, chinelos nem derrubam as roupas do varal.
Ter peixes em casa é uma terapia. Ou melhor, ajuda na terapia nossa de cada dia.
Basta parar e observar os movimentos tranqüilos dos peixes para ser preenchida por uma sensação gostosa de tranqüilidade.
Particularmente, adoro os Kinguios. Eles são peixes muito dóceis, vivem muito bem entre eles.
Não concordo com uma antiga crença de que peixe em aquário dá azar, os aquários, com água sempre em movimento e com peixes, estão associados à prosperidade e riqueza.
Gosto de dar nomes aos peixinhos.Se pudesse faria um crachá para cada um, assim ficaria mais fácil identificá-los.
Ah se eu fosse um peixinho e soubesse nadar,
Viveria num aquário, feliz a sonhar.

By Nana Pereira

Piquenique




















Nada se compara a um piquenique em família!
Penso que seja preciso criatividade e uma certa dose de bobagens alegres para alimentar nossa alma.
Lembro-me com muita saudade do tempo em que fazíamos piquenique no carpete branco da sala.
Acho que um piquenique tem que ser saboreado para tornar-se inesquecível.
Às vezes nem precisa ser num dia de sol, basta forrarmos uma toalha no carpete, preparar alguns sanduíches, um bolo de chocolate, algumas frutas e um livro para ler para as crianças.
Nos domingos, feriados ou naqueles dias em que as crianças não têm nada para fazer, um piquenique sempre é um bom programa.
Soltava minha imaginação, estendia a tradicional toalha xadrez no chão e fazia com que um dia de chuva se transformasse em um dia especial.
Enquanto as crianças comiam as guloseimas , eu lia uma história, ou contava algum episódio interessante sobre nossa família.
Durante muito tempo, planejei um piquenique de verdade num lugar bonito, num dia ensolarado.
Cheguei a comprar uma cesta de piquenique , mas nunca consegui colocar em prática.
As crianças cresceram e o piquenique foi deixado para um futuro que nunca chegou.
Gosto de lembrar do sorriso das crianças, dos olhos brilhantes, da alegria que invadia nossa casa nos dias em que fazíamos piquenique no carpete da sala.
Não há dinheiro que pague essas doces recordações!

By Nana Pereira