terça-feira, 30 de setembro de 2008
Manhã de primavera
Que canto é este que invade meu quarto e atrapalha meu sono logo cedo?
O dia mal acabou de nascer e a cantoria já anda à solta.
Será o canário do vizinho triste que só usa camisas escuras e bate a porta do elevador?
Será o curió que fez seu ninho bem na torre da igreja, sem alvará ou contrato de aluguel?
Ou será que é um sabiá-laranjeira alardeando a chegada da primavera?
O jardim já está florido, a romanzeira não se aguenta de tanta flor. Um sanhaço passeia displicentemente na grade do jardim, observa os vasos de flores e vez ou outra sorve uns goles de água dos bebedouros.
O céu está bem azul, o sol brincalhão bafeja sobre os prédios. No cavalete, um quadro de cerejeiras inacabado, um tubo de tinta vazio, um pincel caído no chão.
O celular avisa que chegou mensagem. Sinto o coração bater mais rápido, sento na beira da cama , prendo os cabelos e vou em direção à cozinha.
Minha cachorrinha segue-me toda alegre esperando meu carinho e sua ração, é claro.
Preparo meu café, cantarolo um trecho da música que toquei ontem no concerto enquanto passo geléia nas torradas.
Sinto saudade da minha caçadora de joaninhas...
Nana Pereira
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