quinta-feira, 31 de julho de 2014

Hoje é sábado





Abro os olhos lentamente
A luz do dia entra pela porta da varanda
Suspiro fundo, espreguiço-me
Humm, hoje é sábado,
Dia de ensaio com a orquestra
Levanto ainda sonolenta, tropeço na cadeira
vou direto à cozinha fazer o café
Preparo a cafeteira para fazer meu café,
coloco comida para minha cachorrinha Baby,
vou para o banho morno, com sabonete perfumado
Ai, preciso acordar!
Tomo meu café ainda enrolada na toalha,
Engraçado, desde ontem meus olhos estão com um brilho diferente!
Visto minha calça jeans, coloco uma blusinha,
Sento-me à beira da cama para colocar o tênis
Penteio meus cabelos , passo meu perfume,
Acaricio a Baby, pego meu violino e saio.
Gosto de observar as pessoas e as coisas na rua
Vejo várias pessoas dormindo na calçada,
Colchões, cobertores rasgados, um cão
Duas mulheres com roupa de ginástica passam com pressa
Um menino empurra um carrinho com compras
Um senhor de cabelos brancos lava a calçada
Uma mulher empurra a cadeira de rodas do filho,
Continuo a andar sem pressa, saí mais cedo de casa hoje
Uma viatura da polícia passa apressada
Paro em frente a uma loja de bichinhos de pelúcia
O relógio da igreja da Consolação soa nove vezes
Aperto o passo, não quero chegar atrasada ao ensaio
Passo em frente a um bar e ouço um psiu
Vejo meu amigo tomando seu chocolate,
entro e peço um café com leite
conversamos um pouco, rimos e saímos do bar
Afino o violino, passo breu nas cordas do arco
Espreguiço-me novamente,
Gosto de tocar Wagner
O ensaio hoje foi chato, muito blá blá blá
No caminho de volta para casa, entro em uma loja de aquários
Olho os peixinhos, decido reativar meu aquário
Compro peixinhos e coisas que faltam
Ai meu Deus, que trabalho que dá limpar o aquário
começo a empreitada sob o olhar de minha cachorrinha,
Lavo as pedrinhas verdes com um prazer imenso
Como é bonito ver um aquário limpinho,
Os peixinhos coloridos, as borbolhas na água límpida.
Faço uma caneca de cappuccino,sento-me na cadeira e fico perdida na caneca, como diz uma amiga.
Ponho a Baby no colo , passo a mão no seu corpinho pequeno
Acho tão gostoso olhar peixinhos !

Ah se eu fosse um peixinho, e soubesse nadar.........

  Nana Pereira

Piquenique





Nada se compara a um piquenique em família!
Penso que seja preciso criatividade e uma certa dose de bobagens alegres para alimentar nossa alma.
Lembro-me com muita saudade do tempo em que fazíamos piquenique no carpete branco da sala.
Acho que um piquenique tem que ser saboreado para tornar-se inesquecível.
Às vezes nem precisa ser num dia de sol, basta forrarmos uma toalha no carpete, preparar alguns sanduíches, um bolo de chocolate, algumas frutas e um livro para ler para as crianças.
Nos domingos, feriados ou naqueles dias em que as crianças não têm nada para fazer, um piquenique sempre é um bom programa.
Soltava minha imaginação, estendia a tradicional toalha xadrez no chão e fazia com que um dia de chuva se transformasse em um dia especial.
Enquanto as crianças comiam as guloseimas , eu lia uma história, ou contava algum episódio interessante sobre nossa família.
Durante muito tempo, planejei um piquenique de verdade num lugar bonito, num dia ensolarado.
Cheguei a comprar uma cesta de piquenique , mas nunca consegui colocar em prática.
As crianças cresceram e o piquenique foi deixado para um futuro que nunca chegou.
Gosto de lembrar do sorriso das crianças, dos olhos brilhantes, da alegria que invadia nossa casa nos dias em que fazíamos piquenique no carpete da sala.
Não há dinheiro que pague essas doces recordações!

  Nana Pereir
a

Existe uma Dalila dentro de mim!





É engraçado como temos a mania tola de descrever como deve ser nosso par perfeito, pelo menos na parte física!
Eu, por exemplo sempre descrevia o dito cujo como:
Alto, moreno claro, magro, com fartos cabelos macios, com pouquíssimos pêlos no corpo.
Pois bem, isto tudo é uma grande bobagem, já que quando nos apaixonamos perdemos o juízo completamente.
Tive um namorado, a quem chamarei de Sansão para preservar sua identidade.
Sansão era nanico, tinha a minha altura, era meio gordinho, tinha pêlos no peito, nos braços , nas costas e por todo o corpo, menos na cabeça, quase careca, digamos que era calvo.
Tenho que confessar que no início fiquei decepcionada ao ver tanto pêlo, mas venci o preconceito .
Além de tudo , tinha um sotaque meio caipira.
Em sua casa haviam dois cachorros que não eram seus: um poodle encardido e um boxer com cara de bobão.
Seu quarto parecia o polo Sul, era congelante, sofri muito ,tremendo de frio.
Mas, aqueles pêlos nas costas era o que me incomodava mais.
Cheguei a sonhar que era Dalila e enquanto Sansão dormia espalhava cêra de mel em suas costas e com um sadismo quase angelical, depilava-o todo!
O namoro terminou, é claro, mas esta vontade de depilar o Sansão ainda me persegue até hoje.
 

 Nana Pereira

O dia em que a vaca foi para o brejo




Não me lembro da data, mas já deve fazer uns 5 anos mais ou menos.
Naquele dia resolvi colocar salto alto para ir trabalhar!
Acho realmente que o salto alto nos deixa elegantes, mas também acho muito cansativo e um tormento desnecessário para mim.
Tenho 1,70 e não preciso de salto para parecer mais alta do que sou, mas reconheço que fico mais elegante com ele.
Escolhi o "marvado" como nossas avós escolhiam feijão no passado, com muito cuidado, sem pressa, como se nada mais houvesse no mundo para fazer.
Tudo estava perfeito, o sapato não machucou meu pé, não fez bolhas na sola.
Saí do trabalho exultante, afinal teria que andar meia hora para chegar em casa.
Após andar uns 50 m , minha sorte mudou: o salto do pé direito simplesmente caiu.
Assim, sem nenhum aviso , muito menos respeito!
A situação era calamitosa, como iria conseguir andar com uma diferença de 5cm de um pé para o outro!
Olhei para o sinal de pedestre que estava verde , mantive a pose e atravessei a rua na ponta do pé!!
Estava de calça comprida e se não olhassem para os pés, não perceberiam um pé fantasma!
Sorri para mim mesma e pensei em como era esperta!
Ai meu pai!
Muito esperta mesmo!!
Após meia hora de caminhada na ponta do pé, minha perna direita estava imprestável, parecia que ia cair, assim como o salto do sapato caiu!
Passei 2 dias com uma dor horrorosa na perna, fiz compressas, passei creme, gelol e nada fazia efeito.
Após este episódio, decidi não ser elegante nunca mais.
Agora , se tiver que caminhar mais de 2m, vou de tênis e levo o sapato "elegante" na bolsa.
Algum dia farei uma pesquisa com milhares de piscianas para saber como conseguem usar salto alto e andar ao mesmo tempo.
 

Nana Pereira

Matando a mãe de vergonha!





Por que será que as crianças têm o péssimo hábito de matar-nos de vergonha?

Com que cara devemos ficar ou fazer?
Ainda não descobri!

Certa vez, estávamos no elevador do nosso prédio e minha filha caçula, que estava no meu colo, olhou para a mulher que estava ao nosso lado e perguntou-me:
- Mãe, por que ela é assim tão feia?
Meu coração disparou, fiquei vermelha, olhei para o lado contrário à mulher e tossi engasgada!
Por sorte , ela não exigiu a resposta imediatamente!

De uma outra vez, ela ganhou uma bolsinha ( feia,verdade seja dita) da avó e disse na cara da avó:
- Não gostei, e jogou a bolsa em cima da mesa!

Acho que devíamos ficar invisíveis durante esses momentos cruéis!
Ser mãe é fazer-se de surda vez ou outra!

 Nana Pereira

Cérebro turbinado





A moda agora é turbinar os seios e até bumbum.
Parece que ninguém está satisfeito com o que tem.
Fico pensando se vale a pena mesmo passar por isso tudo.
Eu não correria o risco, já tenho problemas demais com meu cérebro turbinado todos os dias.
É incrível como as ideias e as palavras pulam de dentro dele a todo instante.
Fico enlouquecida se estou dentro de um ônibus e as palavras começam a pular sem nenhum controle.
Às vezes, estou no Shopping,em um restaurante, no dentista, e elas me atormentam até que eu as ponha em um papel.
Sou uma mulher praticamente normal, como todas as outras, a única diferença é que na minha bolsa, além de batom, espelho e pente, tem que ter um bloco e uma caneta.
Mas o pior mesmo é à noite, elas, as palavras, saltam e pulam vertiginosamente do meu cérebro, emaranham-se nas cobertas, por entre os travesseiros, até que eu me levante para ordená-las.
É surpreendente o poder que elas têm sobre mim, são como pássaros aprisionados em gaiolas, querendo sair para a liberdade.

 Nana Pereira

Nádia Scarlett Mara O'Hara





Tenho mania de procurar semelhanças com as heroínas da literatura, acho fantástico quando estou lendo um livro e identifico-me com a personagem.
Tenho sangue metade espanhol e metade italiano.
Do espanhol herdei a impetuosidade, o sangue quente, a impulsividade, o destemor e a ousadia.
Da metade italiana herdei a espontaneidade, a alegria e o gosto pela música,infelizmente não herdei o talento musical do meu tio Giacomo.
Quando li "E o vento levou" pela primeira vez, fiquei encantada com Scarlett, talvez por sua rebeldia, sua ousadia, não sei.
O fato é que ela é uma de minhas heroínas preferidas.
Essa Scarlett teimosa, rebelde e incabrestável que existe dentro de mim, vem à tona a todo momento, é incontrolável.
Sorrio quando ela me aflora e repito para mim mesma:
- Tolices............tolices!

Nana Pereira

A querida do lar





Esse negócio de Rainha do lar não está com nada!
Rainhas não cozinham, não levam filhos na escola, não ajudam na lição de casa e muito menos fazem bolinhos de chuva.
E tenho o dito!
Na verdade, acho que nós mulheres temos que ser tratadas como "As queridas do lar"!
Às vezes, pessoas perguntam-me como consegui educar duas filhas sozinha , qual foi o segredo.
Eu respondo que o segredo foi o amor.
Amor e respeito, claro!
Uma "Querida do lar" deve criar regras a serem cumpridas, segundo seus príncipios e seu bom senso!
Comigo funcionou!
É claro que cometi um monte de erros e bobagens, mas no geral, acho que me saí bem!

Algumas regras:

* A criança parou de usar fraldas, é hora de lavar sua cueca ou calcinha na hora do banho( isto não é castigo, é um tipo de prêmio, promoção);

* Cada um deve lavar seu tênis;

* Tirar o prato da mesa após a refeição;

* Pedir ajuda na lição se for necessário;

* Criar uma "caixa de correio" para as reclamações;

* Nunca mentir;

* TV ou vídeo-game só depois da lição feita;

* Aprender uma língua estrangeira;


Eu também tinha umas regras a serem seguidas por mim mesma:

* Tirar uma noite por semana para ler e desenhar com as crianças;
* Dar livros de histórias em ocasiões especiais ou não;
* Fazer o serviço da casa na parte da manhã;
* Se a cozinha foi varrida até as 2h da tarde, muito que bem, se não foi, agora só no outro dia;
* Levá-las à igreja;
* Assistir desenhos e filminhos com as crianças;
* Brincar de boneca (no meu caso, porque tive só meninas)
* Incentivar o gosto pela música;
* Ser carinhosa e saber ouvir as reclamações;
* Quando disser não, explicar o porquê;
* Manter sempre a palavra;
* Estar atenta às amizades dos filhos.

Pronto!
Só isso!
Nunca fui boa em brigar com as crianças, elas riam e diziam:
- Mãe, você fica tão linda quando está brava!


 Nana Pereira

A história de Lucrécia





Contarei a história de uma mulher triste, solitária e estranha a quem chamarei de Lucrécia por não saber o nome da Madrasta da Branca de Neve!
Lucrécia é mais nova do que eu, não casou, não teve filhos ,é massoterapeuta.
Uma mulher grande, de ossatura larga, com mãos enormes e pesadas ,que mais parecem duas raquetes.
Todas as vezes que ligo na casa dela e ela não está, entra uma gravação na secretária eletrônica que diz mais ou menos assim:
- "Eu vivo feliz a cantar, não tenho problemas , alegre é o meu caminhar......"
A gravação tem uma entonação de uma pessoa triste e infeliz, quando chega na parte do "não tenho problemas", tenho a impressão que ela vai chorar, fico até deprimida.
Uma vez sugeri que ela arrumasse um bichinho de estimação, já que ela reclamava que era muito triste chegar em casa e não ter ninguém lhe esperando.
Ela disse que ia pensar!
Um tempo depois, dei-lhe de presente um pequeno aquário com um peixinho Beta.
Ela ficou feliz , batizou o peixe , como eu faço com os meus peixinhos.
Um dia ,ela ligou-me aos prantos e por fim contou-me a tragédia: o peixe havia morrido!
Consolei-a e disse que é assim mesmo, eles morrem.
Ela deve ter ficado chocada quando eu disse que quando meus peixes morrem, canto a marcha fúnebre , jogo-os no vaso sanitário e dou a descarga!
Depois disso ela arrumou uma canária para lhe fazer companhia.
No final do ano passado, perto do Natal, ela me procurou e fomos almoçar juntas.
Estávamos no final do almoço, em um restaurante, quando o assunto mudou, sei lá porque, para pássaros.
Comentei que não tenho coragem de cortar as unhas do meu canário ( aliás, já morreu ) e que é minha filha quem as corta.
Foi então que ela resolveu me contar que uma vez foi cortar as unhas de um pássaro e ele lhe deu uma bicada.........., pegou minha mão minúscula e mostrou como foi a bicada: pegou a pele da minha mão e torceu com toda a força!
Senti uma dor absurda, meus olhos encheram-se de lágrimas, o local ficou roxo imediatamente.
Ela ainda brigou comigo por "estar fazendo cena" por causa de um beliscãozinho de nada!
Depois desse dia nunca mais a vi!
Lucrécia desapareceu!
 

Nana Pereira

A primeira visita ao salão , a gente não esquece





Minha mãe tinha cabelos pretos e ondulados, talvez por isso tenha decidido levar-me ao salão pela primeira vez aos 11 meses para fazer permanente.
Nasci careca,com apenas umas penugens na cabeça, e quando o cabelo foi crescendo mostrou-se liso e castanho bem clarinho!
Minha mãe então, resolveu fazer permanente nos meus cabelos!
Pois bem ainda lembro-me do tal dia, acreditem!
Lembro que havia um espelho grande e que colocaram almofadas na cadeira para eu ficar mais alta.
Não lembro do rosto da cabeleireira, mas lembro do cheiro ruim do produto que ela passou nos meus cabelos.
Ela puxava meus cabelos , enrolando num rolinho enquanto passava o produto fedido.
Chorei..........chorei muito!
E continuei chorando, soluçando!
Até que apareceram uns biscoitos do tipo Champagne para calar minha boca!
Comi os biscoitos e voltei a chorar!
Minha mãe saiu para comprar uma chupeta para mim.
Queriam calar minha boca de qualquer jeito!
O cabelo ficou estranho, cheio de cachinhos e escureceu!
Não lembro de ter levado palmadas por causa da choradeira, mas a chupeta foi jogada fora!
Minha mãe deve ter desistido de mudar meu visual, pois nunca mais inventou de me deixar com cabelos encaracolados.
Acho que não combino com cabelos encaracolados, gosto do jeito que são!
 

Nana Pereira

Listas





Fazer listas é uma de minhas manias mais marcantes.
Parece, se me lembro bem, que começou na adolescência.
Eu fazia listas dos livros que gostaria de ler, listas de discos que queria comprar, lista de convidados para minha festa de aniversário, etc...
O interessante é que todo ano eu fazia a tal lista de convidados, mesmo que não fosse haver festa.
Faço lista para quase tudo: coisas que quero aprender, músicas que quero ouvir, DVDs de óperas que quero ter, côres de tintas que preciso comprar para pintar, coisas que preciso arrumar em casa, lista de amigos que precisam de orações,lista de novos enfeites para a árvore de Natal, cremes que quero comprar e até a famosa lista de compras!
Vocês vão pensar: Como é organizada!!!
Não me façam rir, faço a lista como uma forma de ser organizada, mas estou muito longe disso.
Aliás, sempre esqueço a lista de compras em casa, só lembro quando já estou dentro do mercado.
Eduquei minhas filhas fazendo listas de tudo, mas a mais esperada era a primeira lista do ano, logo após o ano novo.
Fazíamos cada uma a sua lista de coisas que queríamos para o próximo ano e deixávamos em local visível.
Valia tudo, coisas materiais e coisas da alma.
O legal é que comemorávamos, riscando o que íamos conseguindo .
Algumas coisas até hoje ainda são passadas para a próxima lista.
Não sou organizada, mas sou teimosa!
 

 Nana Pereira

As três palavrinhas





Quando minha filha caçula era pequena, eu costumava brincar com ela e dizer-lhe:
- Fale aquelas três palavrinhas para mim!
Ela ria e dizia:
- Eu, Avó e o gordo!
A avó era eu (avó de seus bichinhos de pelúcia), o Gordo era o apelido que ela deu para um leãozinho de pelúcia chamado Leonildo!
Toda vez era a mesma coisa!
Em julho, mandei as meninas para a casa de meus pais no Rio de Janeiro passarem as férias.
Minha filha mais nova que tinha 12 anos nessa época ,disse-me que não queria ir, não queria que eu ficasse sozinha, tinha receio de alguma coisa acontecer comigo em sua ausência.
Tranquilizei-a dizendo que estava bem e que nada me aconteceria.
Dois dias depois que elas haviam voltado das férias, fui almoçar em casa como sempre fazia e na hora da refeição de repente fiquei quieta.
Ela estranhou , olhou para mim e perguntou:
Mãe, você está passando bem?
Respondi que não, aí ela perguntou:
- Quer ir para o hospital?
Respondi quase sem forças que sim!
Saímos imediatamente e quando entramos no elevador, desmaiei!
Ela, desesperada repetia para mim:
- Mamãe, não morra, por favor!
Não morra porque eu preciso de você não! Não morra porque eu te amo!
Depois disso apaguei totalmente.
Um homem negro que fazia uma entrega no prédio, tomou-me em seus braços e colocou-me dentro de um carro com minha filha e levou-nos para o hospital.
Não vi nada disso acontecer, mas quando cheguei ao hospital, tinha 5 de pressão, estava morrendo!
Engraçado é que fiquei num estado de semi-consciência, dentro de mim, lutava para sobreviver e pensava em quem iria cuidar de minhas filhas.
Não podia morrer!
Não naquele momento!
Tentava orar, mas não conseguia lembrar de nenhuma oração.
Então repetia para mim mesma : Senhor meu Deus, cuide de mim!
O hospital localizou horas mais tarde minha filha mais velha que estava no trabalho ,e só quando ela chegou consegui ficar mais calma.
Passei cinco dias internada, tinha tido um choque anafilático, havia misturado muitos medicamentos.
Estava com uma gripe muito forte e havia ido ao médico. ele receitou vários remédios e após 2 dias eu ainda não havia melhorado.
Voltei ao médico e ele medicou-me novamente.
Naquela manhã eu havia piorado e passei na farmácia e tomei uma daquelas injeções "levanta defunto" para poder ir trabalhar.
Pouco antes do almoço, tomei um outro remédio para aliviar minha dor nas costas.
Este coquetel de remédios quase matou-me.
Hoje, olho para trás e fico imaginando o sofrimento de minhas filhas e agradeço por estar viva!
Vejo algumas pessoas passarem a vida inteira e não conseguirem verbalizar seus sentimentos.
Mas também vejo pessoas banalizando as TRÊS PALAVRINHAS , fazendo com que elas percam o seu real valor!
 

Nana Pereira

Um espelho tem muito o que contar...





O espelho reflete aquilo que está diretamente incidido sobre ele.
Ele devolve a cada pessoa o reflexo de seus próprios pensamentos.
Um espelho tem muito que contar...
É um momento em que olhamos para dentro de nós mesmos...
É preciso aprendermos a olhar as pessoas "com os olhos da alma", pois é nossa alma que consegue detectar outras almas
Temos que aprender a "nos" olhar... Temos que aprender a nos amar, apesar de nossas imperfeições.
Os olhos da alma conseguem enxergar mais do que o óbvio, mas nos acostumamos a ver apenas o que está a nossa frente.
Os olhos nos contam segredos mais profundos, os medos, os desejos, as dores, as alegrias...
Precisamos enxergar e não apenas ver, e assim aprendermos o segredo da vida.
Algumas pessoas são como diz Joaquim Manuel de Macedo na "Luneta Mágica", “míopes física e moralmente”
Precisamos usar a luneta do bom senso, e assim encontrarmos uma maneira de aceitarmos nossas imperfeições e a dos outros.
Precisamos enxergar não somente com os olhos ,mas com o coração.
Um espelho tem muito o que contar...

 Nana Pereira

Um hobbie






Sinto-me uma pessoa privilegiada por ter um dos hobbies mais fascinantes e inteligentes do mundo.
No aquarismo você acaba aprendendo um pouco de física, química, biologia, ecologia e também geologia e geografia, e tudo isso com muita simplicidade.
Além disso, peixes são os melhores animais de estimação para quem tem pouco tempo disponível e tem pouco espaço em casa, pois, peixes não fazem xixi no tapete, não soltam pelos, não têm cheiro, não precisam ir ao veterinário periodicamente, não deprimem se você viaja por muito tempo, não roem sofá, chinelos nem derrubam as roupas do varal.
Ter peixes em casa é uma terapia. Ou melhor, ajuda na terapia nossa de cada dia.
Basta parar e observar os movimentos tranquilos dos peixes para ser preenchida por uma sensação gostosa de tranquilidade.
Particularmente, adoro os Kinguios. Eles são peixes muito dóceis, vivem muito bem entre eles.
Não concordo com uma antiga crença de que peixe em aquário dá azar, os aquários, com água sempre em movimento e com peixes, estão associados à prosperidade e riqueza.
Gosto de dar nomes aos peixinhos.Se pudesse faria um crachá para cada um, assim ficaria mais fácil identificá-los.
Ah se eu fosse um peixinho e soubesse nadar,
Viveria num aquário, feliz a sonhar.

 Nana Pereira