quinta-feira, 31 de julho de 2014
As três palavrinhas
Quando minha filha caçula era pequena, eu costumava brincar com ela e dizer-lhe:
- Fale aquelas três palavrinhas para mim!
Ela ria e dizia:
- Eu, Avó e o gordo!
A avó era eu (avó de seus bichinhos de pelúcia), o Gordo era o apelido que ela deu para um leãozinho de pelúcia chamado Leonildo!
Toda vez era a mesma coisa!
Em julho, mandei as meninas para a casa de meus pais no Rio de Janeiro passarem as férias.
Minha filha mais nova que tinha 12 anos nessa época ,disse-me que não queria ir, não queria que eu ficasse sozinha, tinha receio de alguma coisa acontecer comigo em sua ausência.
Tranquilizei-a dizendo que estava bem e que nada me aconteceria.
Dois dias depois que elas haviam voltado das férias, fui almoçar em casa como sempre fazia e na hora da refeição de repente fiquei quieta.
Ela estranhou , olhou para mim e perguntou:
Mãe, você está passando bem?
Respondi que não, aí ela perguntou:
- Quer ir para o hospital?
Respondi quase sem forças que sim!
Saímos imediatamente e quando entramos no elevador, desmaiei!
Ela, desesperada repetia para mim:
- Mamãe, não morra, por favor!
Não morra porque eu preciso de você não! Não morra porque eu te amo!
Depois disso apaguei totalmente.
Um homem negro que fazia uma entrega no prédio, tomou-me em seus braços e colocou-me dentro de um carro com minha filha e levou-nos para o hospital.
Não vi nada disso acontecer, mas quando cheguei ao hospital, tinha 5 de pressão, estava morrendo!
Engraçado é que fiquei num estado de semi-consciência, dentro de mim, lutava para sobreviver e pensava em quem iria cuidar de minhas filhas.
Não podia morrer!
Não naquele momento!
Tentava orar, mas não conseguia lembrar de nenhuma oração.
Então repetia para mim mesma : Senhor meu Deus, cuide de mim!
O hospital localizou horas mais tarde minha filha mais velha que estava no trabalho ,e só quando ela chegou consegui ficar mais calma.
Passei cinco dias internada, tinha tido um choque anafilático, havia misturado muitos medicamentos.
Estava com uma gripe muito forte e havia ido ao médico. ele receitou vários remédios e após 2 dias eu ainda não havia melhorado.
Voltei ao médico e ele medicou-me novamente.
Naquela manhã eu havia piorado e passei na farmácia e tomei uma daquelas injeções "levanta defunto" para poder ir trabalhar.
Pouco antes do almoço, tomei um outro remédio para aliviar minha dor nas costas.
Este coquetel de remédios quase matou-me.
Hoje, olho para trás e fico imaginando o sofrimento de minhas filhas e agradeço por estar viva!
Vejo algumas pessoas passarem a vida inteira e não conseguirem verbalizar seus sentimentos.
Mas também vejo pessoas banalizando as TRÊS PALAVRINHAS , fazendo com que elas percam o seu real valor!
Nana Pereira
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