domingo, 27 de setembro de 2009

Titila















Nasceu em uma família numerosa, além de seus pais, haviam mais dez irmãos.

Viviam numa chácara muito bonita. A casa era toda branquinha com janelas azuis, havia um jardim muito bonito , cheio de prímulas , arbustos de hibiscos de todas as cores e um pomar com todo tipo de fruta.

Titila foi um pintinho muito dengoso, chorão e mimado. Seus irmãos viviam lhe pregando peças e rindo de suas manias.

Quando cresceu, ficou muito bonita com suas belas penas brancas e passava boa parte do dia admirando seu reflexo no lago que havia perto do pomar.

Além de vaidosa, era uma sonhadora!

Sonhava com um poleiro limpo, entremeado de flores perfumadas, com uma tigela de porcelana fina, com um quarto só para ela, longe de seus irmãos barulhentos e mal educados.

Queria mais da vida, tinha desejos de ser alguém importante, de ficar famosa. Passava os dias cantando e exercitando suas pernas com saltitos de bailarina.

Queria ser atriz, fazer filmes românticos, usar chapéus elegantes, salto alto e um belo colar de pérolas adornando seu pescoço delicado.

A vida na chácara era monótona, sem glamour e seus irmãos uns caipiras sem ambição. Preocupava-se com o futuro, não gostaria de passar sua vida comendo insetos, sujando seus pezinhos delicados na lama e dormindo num poleiro velho junto com toda a família.

Gostava de entrar sorrateiramente na casa de janelas azuis, espiar as revistas de moda que ficavam espalhadas no belo sofá amarelo.

Havia um cômodo com um belo tapete cor de ouro e uma grande televisão., imaginava que algum dia poderia ser uma artista famosa e aparecer em um dos filmes onde a mocinha sempre usava belas roupas e casava-se com um belo jovem, rico e educado.

Passava horas suspirando!

Irritava-se com a falta de modos e o jeito simplório dos irmãos.

O tempo passou, todos cresceram. Seus irmãos agora já eram belos frangos e pareciam felizes. Sentia-se solitária e infeliz, até que um dia, entrou furtivamente na sala de televisão e ficou escondida sob uma poltrona.

Presenciou a cena mais horrível de toda sua vida!

Era véspera de Natal , a casa estava toda enfeitada de guirlandas, muitas luzes, música e pessoas bem vestidas.

Perto da meia-noite, chegou a hora da ceia e sobre a mesa coberta por uma toalha branca , haviam arranjos de flores, velas , frutas que jamais havia visto. Os pratos , de uma porcelana estrangeira , estavam ladeados por talheres reluzentes e copos de cristal completavam o cenário.

No centro da mesa um enorme peru, enfeitado com fios de ovos, aguardava o início do jantar.

Como pessoas tão elegantes e civilizadas teriam coragem de fatiar e comer uma ave que poderia ser perfeitamente um de seus parentes?

Ficou apavorada e desatou a correr pelo quintal, como se tivesse visto um fantasma.

Todos os seus sonhos haviam sido desfeitos. Ficou chorando e soluçando durante muito tempo perto do lago.

De repente, surgiu uma mulher com um vestido azul transparente, lindos cabelos dourados e um sorriso bondoso e disse:

  • "Às vezes não percebemos como somos felizes, não enxergamos todas as coisas boas que temos a nossa volta.

  • Cada um de nós tem seu valor e um papel importante a cumprir. Somos criaturas de Deus e especiais do jeito que Ele nos fez."

    Dizendo isso, tocou sua cabeça com uma varinha mágica e imediatamente apareceu um lindo colar de pérolas ao redor do seu pescoço.

  • Desde então, Titila entendeu que era feliz, tinha uma bela família , que galinha não pode ser atriz e gente não pode voar.


Nana Pereira


2 comentários:

Anônimo disse...

Nádia, que estorinha bem bolada essa.
Dá uma boa reflexão. Cada um com seus dons a serviço de um mundo melhor. Adorei. Beijos parabólicos. Manoel.

Leila-Silveira.blogspot.com disse...

que linda história desta galinhazinha faceira...
as vezes uma galinha pode ser atriz sim.

linda história de Titila...