sexta-feira, 8 de maio de 2009
Confissões de uma mãe
Minha relação com crianças sempre foi de uma certa estranheza.
Diferente da maioria das mulheres, nunca fui dada a fazer festinha para bebês e ficar encantada com nenenzinhos babões passeando no carrinho com sua mãe.
Fazer bilu bilu então, nem pensar.
Nunca tive esta vontade louca de ter filhos!
Talvez por vê-los sendo educados como bonecos ou como monstrinhos egoístas e sem limites.
Porém, aos vinte anos , uma semente em meu ventre transformou-me em árvore frutífera .
Nesse momento comecei a colocar em prática tudo aquilo que imaginava de como se devia educar uma criança.
Sem nenhuma experiência , fui desenvolvendo um tipo de educação personalizada, não estereotipada, nem copiada de livros.
Queria educar com conteúdo, com respeito , com humor e com amor.
Minhas filhas dormiam ao som de Berceuse em alemão e Frére Jacques em francês , cantarolados em voz baixa , quase num sussurro.
Brincávamos de aprender, líamos histórias , nas quais eu dava um final menos bobo e infantilóide, lia para elas Guy de Maupassant, contava as histórias das óperas, comprava livros que instigasse a inteligência , a criatividade e a sensibilidade.
Brincávamos de fazer poesias, desenhos, bordados, escrevíamos bilhetes e cartinhas umas para as outras.
Livros eram encontrados em toda a parte da casa, cartazes com citações, provérbios e declarações de amor eram espalhados pelas paredes, nas portas dos armários e na lousa que tínhamos na cozinha.
Não queria ter filhos, queria ser mãe!
Mãe de criaturas pensantes e amadas.
Aquelas festinhas da escola, as apresentações de música, as competiçoes de ginástica olímpica,as formaturas e os espetáculos de dança, eram compromissos importantíssimos e preciosos na minha vida.
Não, eu nunca quis ter filhos, queria ser mãe!
Não daquele tipo tradicional, mandona , autoritária e repressora, mas do tipo amorosa, conselheira , brincalhona e companheira.
Do tipo que diz não e explica os porquês, do tipo moleca que entra na dança e chora de tanto rir, do tipo que se coloca no lugar do filho e entende suas limitações.
Cometi alguns erros , mas quem não os comete?
O importante não é nunca errar, não pecar, não tomar decisões erradas e ser alguém exemplar.
O importante mesmo é é ter a coragem de admitir as falhas, a humildade de pedir perdão, calar na hora certa e falar quando a situação assim o exigir; o importante é deixar as lágrimas caírem e permitir que os filhos saibam que somos humanas , cheias de defeitos , manias e sonhos .
Não quero ser lembrada apenas num único dia do ano, não quero que me visitem por obrigação.
É muito pouco ser lembrada apenas nas datas comerciais, por isso não me desejem feliz dia das mães.
Deixo esta comemoração para aquelas que quiseram "ter filhos".
Para as outras, as que desejaram ser mães, minha simpatia e meu desejo de feliz vida , todos os dias.
Nana Pereira
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3 comentários:
Noooooossa...
me arrepiei!!!
que lindo, tia! :o)
Ainda bem q vc errou e pecou ... não te amaria se vc fosse mentirosa .. kkk...
Vc é uma mãe maravilhosa... e sua filha é um docinho .. Favinho é uma lindinha ... (só conheço Favinho ... peço desculpas à Ana).. Bjs e obrigada por mais uma vez nos brindar com uma linda história ... de fazer o coração ficar mais quentinho...
Nádia!
Encantado mais uma vez com a sua história de vida!
Desejo a você
"Feliz vida, todos os dias" !!!
Um grande abraço carinhoso!
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